"Tota pulchra es, amica mea, et macula non est in te"
Cântico dos Cânticos (4,7)
"(...) Em honra da santa e indivisível Trindade, para decoro e ornamento da Virgem Mãe de Deus, para exaltação da fé católica, e para incremento da religião cristã, com a autoridade de Nosso Senhor Jesus Cristo, dos bem-aventurados Apóstolos Pedro e Paulo, e com a Nossa, declaramos, pronunciamos e definimos: A doutrina que sustenta que a beatíssima Virgem Maria, no primeiro instante da sua Conceição, por singular graça e privilégio de Deus omnipotente, em vista dos méritos de Jesus Cristo, Salvador do género humano, foi preservada imune de toda mancha de pecado original, essa doutrina foi revelada por Deus, e por isto deve ser crida firme e inviolavelmente por todos os fiéis."
Pio IX - Bula "Ineffabilis Deus", 8 de Dezembro de 1854.
O dogma católico da Imaculada Conceição define que a Bem-aventurada Virgem Maria, desde o primeiro instante que foi concebida (portanto, na Sua concepção), foi preservada da nódoa do pecado original, por privilégio único de Deus e aplicação dos merecimentos de seu divino Filho.
O dogma abrange dois pontos importantes:
a) O primeiro é ter sido a Santíssima Virgem preservada da mancha original desde o princípio de sua conceição. Deus abrogou para ela a lei de propagação do pecado original na raça de Adão; ou por outra, Maria foi cumulada, ainda no começo da vida, com os dons da graça santificante.
b) No segundo, vê-se que tal privilégio não era devido por direito. Foi concedido na previsão dos merecimentos de Jesus Cristo. O que valeu a Maria este favor peculiar foram os benefícios da Redenção, na previsão dos méritos de Jesus Cristo, que já existiam nos eternos desígnios de Deus.
A festa da Imaculada Conceição, comemorada em 8 de Dezembro, foi definida como uma festa universal em 1476 pelo Papa Sisto IV. Porém ele não definiu a doutrina como um dogma, deixando assim os católicos livres para acreditar nela ou não, sem ser acusado de heresia. A existência da festa era um forte indício da crença da Igreja de Imaculada Conceição, mesmo antes da definição do século XIX como um dogma. Na Itália do século XV o franciscano Bernardino de Bustis escreveu o Ofício da Imaculada Conceição, com aprovação oficial do texto pelo Papa Inocêncio XI em 1678. Foi enriquecido pelo Papa Pio IX em 31 de Março de 1876, após a definição do dogma com 300 dias de indulgência cada vez que recitado.
Esta Verdade de Fé, o Dogma da Imaculada Conceição, foi solenemente definida como dogma pelo Papa Pio IX na sua bula Ineffabilis Deus em 8 de Dezembro de 1854. A Igreja considera que o dogma é apoiado pela Bíblia (por exemplo, a Virgem Maria sendo saudada pelo Anjo Gabriel como "cheia de graça"), bem como pelos escritos dos Padres da Igreja.
Depois da queda de Adão e Eva e da introdução do pecado original, no mundo, Deus falou a Satanás, oculto sob a forma de serpente: "Estabelecerei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a descendência dela; ela te esmagará a cabeça e tu a atingirás no calcanhar" (Gen 3, 15).
Basta um pouco de boa-vontade para compreender de que "mulher" o texto fala. A única mulher "cheia de graça", "bendita entre todas", da qual a descendência foi Nosso Senhor Jesus Cristo (e os cristãos), é a Santíssima Virgem, a nova Eva, mãe do Novo Adão. Conforme esse texto bíblico, bem como no livro do Apocalipse, há uma luta entre dois antagonistas: de um lado, está a Mulher com o Filho; do outro, o Dragão, o Demónio. Quem há de ganhar a vitória são os primeiros e não os últimos. Ora, se Nossa Senhora não fosse imaculada, essa inimizade não seria inteira e a vitória não seria total, pois Maria Santíssima teria sido, pelo menos em parte, sujeita ao poder do Diabo através do pecado original. Em outras palavras, a inimizade entre a Mulher (e sua posteridade) e a serpente, implica, necessariamente, que Nosso Senhor e Nossa Senhora não poderiam ter sido manchados pelo pecado original.
Na saudação angélica, S. Gabriel diz: "Ave, cheia de graça. O Senhor é convosco". Ora, não se exprimiria desta maneira o anjo e nem haveria plenitude de graça, se Nossa Senhora tivesse o pecado original, visto o homem ter perdido a graça após o pecado.
A maneira da saudação angélica transparece a grandeza de Nossa Senhora, pois o Anjo a saúda com a "Ave, Cheia de Graça". Ele troca o nome "Maria" pela qualidade "Cheia de Graça", como Deus desejou chamá-la.
A maneira da saudação angélica transparece a grandeza de Nossa Senhora, pois o Anjo a saúda com a "Ave, Cheia de Graça". Ele troca o nome "Maria" pela qualidade "Cheia de Graça", como Deus desejou chamá-la.
Ao mesmo tempo, a afirmação "o Senhor é convosco" abrange uma verdade luminosa. Se Nosso Senhor é (está) com Nossa Senhora antes da encarnação ("é convosco"), sendo palavras anteriores à encarnação do verbo no seio da Virgem Maria, forçoso é reconhecer que onde está Deus não está o pecado. Ou seja, Nossa Senhora não tinha o pecado original.
Prossegue o arcanjo: "Não temas, Maria, pois achaste graça diante de Deus". Aqui termina a revelação da Imaculada Conceição para começar a da maternidade divina: "Eis que conceberás no teu ventre e darás à luz um filho, e por-lhe-ás o nome de Jesus". (Lc 1, 28). Pela simples leitura percebe-se a conexão estreita entre duas verdades: Maria será a Mãe de Jesus, porque achou graça diante de Deus.
Mas, que graça Nossa Senhora achou diante de Deus para poder ser escolhida como a Mãe Dele? Ora, a única graça que não existia - ou que estava perdida - era a graça original. Falar, pois, que: "Maria achou graça" é dizer que achou a graça original. Ora, a "graça original" é a Imaculada Conceição"!
Também é pela própria razão que se pode concluir a Imaculada Conceição. É claro que o argumento racional não é definitivo, mas corroborou com muita conveniência - e completa harmonia - para com ele. Se Maria Santíssima fosse manchada do pecado original, essa mancha redundaria em menor glória para seu filho, que ficou nove meses no ventre de uma mulher que teria sido concebida na vergonha daquele pecado. Se qualquer mácula houvesse na formação de Maria Santíssima, teria havido igualmente na formação de Jesus, pois o filho é formado do sangue materno.
S. Paulo assim se expressa sobre o ventre de onde nasceu o menino-Deus: "Cristo, porém, apareceu como um pontífice dos bens futuros. Entrou no tabernáculo mais excelente e perfeito, não construído por mãos humanas, nem mesmo deste mundo" (Hebr 9, 12).
Que tabernáculo é esse, "não construído por mãos humanas", por onde "entrou" Nosso Senhor Jesus Cristo? Fica claro o milagre operado em Nossa Senhora na previsão dos méritos de seu divino Filho. Negar que Deus pudesse realizar tal milagre (Imaculada Conceição) seria duvidar de sua omnipotência. Negar que Ele desejaria fazer tal milagre seria menosprezar seu amor filial, pois, como afirma S. Paulo: Deus construiu o seu "tabernáculo" que não foi "construído por mãos humanas". Ora, este tabernáculo, feito imediatamente por Deus e para Deus, devia revestir-se de toda a beleza e pureza que o próprio Deus teria podido outorgar a uma criatura.
E esta pureza perfeita e ideal se denomina Imaculada Conceição.
Nossa Senhora foi, assim, a restauradora da ordem perdida por meio de Eva. Se esta nos trouxe a morte, Maria Santíssima nos dá a vida. O que Eva perdeu por orgulho, Nossa Senhora ganhou por humildade.
Ó Maria, concebida sem pecado, rogai por nós, que recorremos a Vós!
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Fontes:http://pt.wikipedia.org/wiki/Imaculada_Concei%C3%A7%C3%A3o#cite_note-4 e http://www.lepanto.com.br/dados/ApMariaIC.html
Original: http://saudedalma.blogspot.com/2009/12/imaculada-conceicao-da-santissima.html
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