Contra a verdade não temos poder algum; temo-lo apenas em prol da verdade. (II Coríntios 13,8)

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Meditações sobre a Semana Santa - Sexta

*A MORTE DE CRISTO

Sexta-feira santa

Foi conveniente que Cristo morresse, pelas seguintes razões:

1. Para consumar a nossa redenção, pois, apesar da Paixão ter virtude infinita por causa da união da divindade, não foi durante um sofrimento qualquer que nossa redenção foi consumada, mas na morte de Cristo. Por isso diz o Espírito Santo pela boca de Caifás (Jo 11, 50): convém que morra um homem pelo povo. E santo Agostinho: Admiremos, congratulemo-nos, rejubilemo-nos, amemos, louvemos e adoremos, pois, pela morte de nosso redentor, fomos chamados das trevas à luz, da morte à vida, do exílio à pátria, do luto à alegria.

2. Para o aumento da fé, da esperança e da caridade.

Quanto ao crescimento da fé, aquilo do salmista: quanto à mim, estou só até que eu passe, i. é, deste mundo ao Pai. Mas, quando tiver passado deste mundo ao Pai, então serei multiplicado. Se o grão de trigo que cai na terra não morre, permanece só.

Quanto ao crescimento da esperança, diz o Apóstolo (8, 32): O que não poupou nem o seu próprio Filho, mas por nós todos o entregou, como não nos dará também com ele todas as coisas? É inegável que dar todas as coisas é ainda menos que entregar Cristo à morte por nós. São Bernardo diz: "Quem não se encherá da esperança de possuir confiança, se considerar a posição do corpo crucificado de Cristo? Sua cabeça inclinada, para dar-nos o ósculo da paz; seus braços estendidos, para nos abraçar; suas mãos traspassadas, para nos cumular de bens; seu coração aberto, para nos amar; seus pés cravados, para permanecer conosco". Lemos nas Escrituras (Ct 2, 14): "Pomba minha, tu que te recolhes nas aberturas da pedra". Nas chagas de Cristo, a Igreja estabeleceu e fez seu ninho, colocando a esperança de sua salvação na Paixão do Senhor; e assim protege-se das surpresas do falcão, i. é, do diabo.

Quanto ao crescimento da caridade, aquilo das Escrituras (Ecle 43, 3): "Ao meio dia queima a terra". Ou seja, no fervor da Paixão, ardem de amor os corações terrestres. Diz ainda são Bernardo: "O cálice que bebestes, ó bom Jesus, mais que tudo, vos fez amável. A obra de nossa redenção reivindica absoluta e prontamente todo nosso amor para si; ela faz agradável a devoção, torna-a mais justa, une-nos mais estreitamente e com maior veemência nos toca o coração."

3. Por causa do sacramento da nossa salvação, para que, pelo exemplo de sua morte, morrêssemos para este mundo. "Por isso a minha alma prefere a suspensão, os meus ossos preferem a morte" (Jó 7, 15). E são Gregório comenta: "A alma é a intenção do espírito, os ossos são a força da carne. O que está suspenso, foi erguido do chão. A alma, portanto, foi erguida às coisas da eternidade, para que morram os ossos, pois o amor da vida eterna destrói em nós toda a força da vida exterior". Ser desprezado pelo mundo é o sinal desta morte. São Gregório acrescenta: "o mar retém os corpos viventes, mas rejeita os cadáveres".

Meditações sobre a Semana Santa - Quinta

A CEIA DO SENHOR

Quinta-feira santa

O Sacramento do Corpo do Senhor foi convenientemente instituído na Última Ceia, e isso por três razões:

1. Em razão daquilo que este sacramento contém: ou seja, o próprio Cristo. No momento de deixar os discípulos em sua própria figura, Ele permanece com eles sob a forma sacramental, assim como, na ausência do imperador, exibe-se a sua imagem. Daí o dizer Eusébio: "Como o corpo que assumira havia de ser retirado da nossa visão corporal e elevado ao céu, era preciso que, na Ultima Ceia, Ele consagrasse para nós o sacramento de seu corpo e de seu sangue, afim de que pudéssemos continuar a adorar no mistério o que uma vez ofereceu para nosso resgate".

2. Pois, sem a fé na Paixão, não pode haver salvação. Era pois preciso que sempre houvesse entre os homens algum sinal que representasse a Paixão do Senhor, que, na antiga lei, era principalmente representada pelo Cordeiro Pascal. No Novo Testamento, o Cordeiro pascal foi sucedido pelo sacramento da Eucaristia, que é um memorial da Paixão realizada no passado; assim como o Cordeiro era figurativo da Paixão que ocorreria no futuro. Era portanto conveniente que, nas vésperas da Paixão, após ter celebrado o sacramento anterior, fosse instituído o novo.

3. Pois, quando os amigos se separam, suas últimas palavras são guardadas com mais zelo pela lembrança. Sobretudo, porque o sentimento de afeição por eles é então mais ardente; e as coisas que mais nos tocam mais profundamente se imprimem na alma. Ora, entre os sacrifícios, nenhum poderia ser maior que o do corpo e sangue de Nosso Senhor, e nenhum dom poderia ser maior que este; por isso, para que fosse tido com maior estima, o Senhor instituiu este sacramento no momento de deixar seus discípulos. Por isso disse Agostinho: o Salvador, para recomendar com maior veemência a grandeza deste mistério, quis imprimi-lo por último nos corações e na memória dos seus discípulos, os quais havia de deixar na sua Paixão.

Devemos notar que este sacramento possui uma tripla significação:

1. Quanto ao passado, enquanto é comemorativo da Paixão do Senhor, que foi um verdadeiro sacrifício, este sacramento é chamado sacrifício.

2. Quanto ao presente, i. é, à unidade da Igreja, e para que os homens se congreguem por este sacramento, é ele chamado comunhão. São João Damasceno diz que o chamamos comunhão posto que, por ele, comungamos com Cristo, participamos da sua carne e divindade e, por Ele, comungamos e nos unimos uns aos outros.

3. Quanto ao futuro, enquanto prefigura o gozo de Deus que existirá na pátria, este sacramento é chamado viático, posto que nos apresenta o caminho para lá chegarmos. Sob este aspecto, também é chamado Eucaristia, que quer dizer "boa graça", pois a graça de Deus é a vida eterna; ou porque contém realmente o Cristo que é a mesma plenitude da graça. Em grego, é chamado metalipsis, i. é, consumição, pois por ele tomamos a divindade do Filho de Deus.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Campanha Nacional pela Missa Tridentina

Campanha Nacional - Um Buquê de Rosários pela Missa Tridentina


Participe você também da campanha nacional que irá oferecer aos Bispos do Brasil um buquê de rosários em prol da Missa Tridentina.

Todos nós sabemos que a implementação da Forma Extraordinária do Rito Romano nas paróquias brasileiras têm enfrentado não poucas dificuldades. A nós, que desejamos ver a Missa Tridentina rendendo excelentes frutos espirituais pelo Brasil, não nos resta outra saída senão a de nos apegarmos ao Santo Rosário, ou ao menos ao Santo Terço, rezado diariamente. Atendamos a este pedido feito por Nossa Senhora em Fátima. Fiéis a Ela, alcançaremos a graça de estar conformes ao Vigário de Cristo, o Papa Bento XVI, em seu desejo de que a Forma Extraordinária do Rito Romano se faça presente por toda parte.

Para participar do Buquê de Rosários do site missatridentina.com.br basta adicionar, ao Rosário ou Terço rezado como de costume, a seguinte intenção:

"pela implantação da Missa Tridentina nas paróquias brasileiras."

Não é requerido que se adicione mais Rosários ou Terços ao que já se reza habitualmente. Basta oferecer confiadamente, e em espírito de humildade, as rosas que a própria Virgem Maria se encarregará de levar aos nossos Pastores. Para tanto, será suficiente recitar a intenção acima.

Oficialmente, a Campanha terá início no Domingo de Páscoa (12/04/2009) e se estenderá até a festa do Preciosíssimo Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo (01/07/2009). Serão cerca de três meses que passaremos juntos, implorando a intercessão de Nossa Mãe Santíssima junto a Seu Divino Filho. Quem, no entanto, tomar conhecimento do nosso buquê antes ou depois da data oficial de seu lançamento, poderá, desde já e sem qualquer prejuízo, incluir a referida intenção na oração do Santo Terço ou Rosário.

Para aderir, é necessário baixar e imprimir o Formulário do Participante, onde se deverá anotar os Terços, na medida em que são rezados. A contabilização das orações será feita a partir do dia 01/07/2009. Para tanto, basta que o fiel preencha, ao término da Campanha,até, no máximo, 05/07 o nosso Formulário Eletrônico de Envio. Recomendamos, contudo, àqueles que assim puderem, realizar periodicamente o referido envio, informando sempre o número de Terços rezados durante o intervalo entre um preenchimento e outro. Desta forma, será possível a divulgação de resultados parciais.

A lista completa, com os dados de todos os participantes não será divulgada ao grande público, em hipótese alguma, devendo permanecer sob os cuidados da administração do site missatridentina.com.br. Será, entretanto, impressa e enviada para competente autoridade da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, a quem ofereceremos o nosso buquê. Caso algum fiel queira obter os números de sua diocese em particular, a fim de oferecer um Buquê de Rosários ao bispo local, enviaremos por e-mail um documento, assinado pela administração do site, informando a quantidade de Terços oferecidos pelos fiéis da diocese em questão.

Que a Bem-Aventurada Sempre Virgem Maria nos proteja nesta caminhada.

DESEJO PARTICIPAR DA CAMPANHA

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Meditações sobre a Semana Santa - Quarta

TRÊS ENSINAMENTOS MÍSTICOS NO LAVA-PÉS

Quarta-feira santa

"Depois lançou água numa bacia, e começou a lavar os pés dos discípulos, e a limpar-lhos com a toalha com que estava cingido" (Jo 13, 5)

Nesta passagem podemos tirar três ensinamentos místicos:

1. A água que lançou numa bacia significa a efusão de seu sangue na terra. Com efeito, o sangue de Jesus pode ser chamado água, pois tem poder para lavar. E foi por isso que, na cruz, saiu de seu lado traspassado sangue e água, para dar a compreender que seu sangue tem poder para lavar os pecados. Também podemos compreender, pela água, a Paixão de Cristo. "lançou água numa bacia", i. é, imprimiu a memória da sua Paixão nas almas dos fiéis pela fé e pela devoção. "Lembra-te da minha pobreza e tribulação - absinto e fel que me fazem beber" (Lm 3, 19).

2. Ao dizer "começou a lavar os pés dos discípulos", faz alusão à imperfeição humana; pois os Apóstolos, depois de Cristo, eram os mais perfeitos e, no entanto, precisavam ser purificados, pois tinham algumas impurezas. Isso nos mostra que o homem, por melhor que seja, tem necessidade de se aperfeiçoar; e que contrai algumas manchas, conforme aquilo dos Provérbios (20, 9): "Quem pode dizer: O meu coração está puro, estou limpo do pecado?". Contudo, estão sujos apenas nos pés.

Outros, ao contrário, não estão sujos apenas nos pés, estão totalmente sujos. Ora, os que jazem no chão sujam-se totalmente com as imundices da terra. Do mesmo modo, sujam-se totalmente os que se apegam totalmente às coisas da terra, já pelo sentimento, já pelos sentidos.

Mas os que estão de pé, ou seja, os que buscam as coisas céu com o espírito e o coração, estão sujos apenas nos pés. Ora, assim como o homem de pé precisa ao menos tocar a terra com os pés para sustentar-se, nós, enquanto vivermos nessa vida mortal, que precisa das coisas terrestres para o sustento do corpo, contraímos algumas manchas, ao menos pelos sentidos. Por isso o Senhor recomenda aos discípulos sacudir o pó dos seus pés (Lc 9, 5).

Diz o Evangelho: "começou a lavar", pois a ablução dos afetos terrenos começa aqui embaixo, e é consumada no futuro.

Assim, a efusão de seu sangue é significada pelo ter vertido a água numa bacia; e a ablução de nossos pecados, pelo ter começado a lavar os pés dos discípulos.

3. Finalmente, vê-se a aceitação de nossas penas sobre ele mesmo. Cristo não apenas limpou nossas manchas, mas tomou sobre si mesmo as penas incorridas pelas nossas faltas. Nossas penas e nossa penitência seriam insuficientes, se não tivessem por fundamento o mérito e a eficácia da Paixão de Cristo. O que é significado pelo ter secado os pés dos discípulos com um linho, i. é, o linho de seu corpo.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Meditações sobre a Semana Santa - Terça

A PREPARAÇÃO DE CRISTO AO LAVA-PÉS

Terça-feira santa

"levantou-se da ceia e depôs o seu manto, e, pegando numa toalha, cingiu-se com ela."
(Jo 13, 4)

I. — Cristo mostra-se servidor, abraçando uma tarefa humilde, conforme aquilo do Evangelho (Mt 20, 28): "o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir".

Três coisas fazem o bom servidor:

1. Que seja circunspeto, para enxergar tudo o que seu serviço demanda. Isso certamente não se daria se o servidor estivesse sentado ou deitado. A atitude própria do servidor é a de permanecer de pé, por isso Cristo "levantou-se da ceia". "Qual é o maior, o que está à mesa, ou o que serve?" (Lc 22, 27)

2. Que se desembarace de tudo, afim de poder cumprir apropriadamente o seu serviço, o que seria muito dificultado pela multidão do vestuário. É por isso que o Senhor depôs o seu manto. Isso está figurado no livro do Gênesis (17) quando Abraão escolhe os escravos mais desimpedidos.

3. Que esteja pronto a servir, ou seja, que tenha tudo o que é necessário para o seu serviço. De Marta lemos no Evangelho (Lc 10, 40), afadigava-se muito na continua lida da casa. Por isso o Senhor pegando numa toalha, cingiu-se com ela, para estar pronto, não somente para lavar os pés, mas para secá-los.

Que nós saibamos calcar os pés sobre nosso orgulho, pois aquele que veio de Deus e a ele vai, lavou os pés.

II. — "Depois lançou água numa bacia e começou a lavar os pés dos discípulos".

Eis o serviço do Cristo, no qual de três modos sobressalta a sua humildade:

1. Quanto ao gênero do serviço, que é bastante humilde: é o Deus de Majestade que se inclina para lavar os pés aos servidores.

2. Quanto à multidão dos serviços, pois ele derrama a água, lava os pés, seca etc.

3. Quanto à maneira de proceder, pois não o fez por meio de outros, nem com assistentes, mas sozinho. "Quanto maior és, mais te deves humilhar em todas as coisas" (Ecl 3, 20).

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Meditações sobre a Semana Santa - Segunda

A NECESSIDADE DE UMA PERFEITA PURIFICAÇÃO

segunda-feira santa

I. "Se eu não os lavar, não terás parte comigo". Ninguém pode ser co-herdeiro de Cristo e participar da herança eterna sem se purificar espiritualmente, como está dito nas Escrituras: (Ap 21, 27), "não entrará nela coisa alguma contaminada" e "quem estará no seu lugar santo? O inocente de mãos e limpo de coração" (Sl 23, 3-4). É como se Nosso Senhor dissesse: Se eu não os lavar, não estarás puro, e se não estiveres puro, não terás parte comigo.

II. "Disse-lhe Simão Pedro: Senhor, não somente os meus pés, mas também as mãos e a cabeça". Conturbado, Pedro oferece-se todo para a ablução, cheio de amor e temor. Como se lê no Itinerário de S. Clemente, Pedro estava a tal ponto ligado à presença corporal de Cristo, que com tanto fervor amava, que, após a Ascensão, ao lembrar-se da doçura extrema da sua presença e da santidade de sua vida, arrebentava em lágrimas, ao ponto de suas pálpebras parecerem queimadas.

Todo homem possui três coisas: a cabeça, no topo; os pés, embaixo; as mãos, no meio. Do mesmo modo, o homem interior, ou a alma: a cabeça é a razão superior, pela qual o homem adere a Deus; as mãos são a razão inferior, com a qual o homem se dedica à vida ativa; os pés são a sensualidade. O Senhor, porém, sabia que os discípulos estavam puros quanto à cabeça, pois estavam unidos a Deus pela fé e caridade; puros também quanto às mãos, pois suas obras eram santas. Quanto aos pés, tinham alguns apegos terrestres, por sensualidade.

Pedro, porém, temendo a ameaça de Cristo, consente, não apenas na ablução dos pés, mas ainda das mãos e da cabeça: "Senhor, não somente os meus pés, mas também as mãos e a cabeça". É como se dissesse: ignoro se estão sujas minhas mãos e cabeça; de nada me sinto culpado, mas nem por isso me dou por justificado (1 Cor 4, 4). Por isso, estou pronto para purificar não somente os meus pés, i. é, dos apegos inferiores, mas também as mãos, i. é, as obras e a cabeça, i. é, a razão superior.

III. Jesus lhe diz: Aquele que se lavou não tem necessidade de lavar senão os pés, pois todo ele está limpo. Diz Orígenes que eles estavam limpos, mas que ainda precisavam de uma purificação maior, pois a razão deve sempre aspirar aos dons mais perfeitos, subir ao cume das virtudes e resplender com o alvor da justiça. "aquele que é santo, santifique-se mais" (Ap 22, 11).

Meditações sobre a Semana Santa


Será iniciada uma série de postagens sobre meditações de Santo Tomás de Aquino sobre cada dia da semana Santa. A fonte é do site Permanência.

A UTILIDADE DA PAIXÃO DE CRISTO COMO EXEMPLO

Domingo de Ramos


Como disse S. Agostinho: "A Paixão de Cristo é suficiente para ser modelo de toda a nossa vida". Quem quer que queira ser perfeito na vida, nada mais é necessário fazer senão desprezar o que Cristo desprezou na cruz, e desejar o que nela Ele desejou. Nenhum exemplo de virtude deixa de estar presente na cruz.

Se nelas buscas um exemplo de caridade, "ninguém tem maior caridade do que aquele que dá sua vida pelos amigos" (Jo 15, 13). Ora, foi o que Cristo fez na cruz. Por isso, já que Cristo entregou a sua vida por nós, não nos deve ser pesado suportar toda espécie de males por amor a Ele. "O que retribuirei ao Senhor, por todas as coisas que Ele me deu?" (Ps. 115, 12).

Se procuras na cruz um exemplo de paciência, nela encontrarás uma imensa paciência. A paciência manifesta-se extraordinária de dois modos: ou quando alguém suporta grandes males pacientemente, ou quando suporta aquilo que poderia ser evitado e não quis evitar. Cristo na cruz suportou grandes sofrimentos: "Ó vós todos que passais pelo caminho parai e vede se há dor igual à minha!" (Lm 1, 17), e os suportou pacientemente, "como a ovelha levada para o matadouro e como o cordeiro silencioso na tosquia" (1 Pd 2, 23). Cristo na cruz suportou também os males que poderia ter evitado, mas não os evitou: "Julgais que não posso rogar a meu Pai e que Ele logo não me envie mais que doze legiões de Anjos?" (Mt 26, 53). Realmente, a paciência de Cristo na cruz foi imensa! "Corramos com paciência para o combate que nos espera, com os olhos fitos em Jesus, o autor da nossa fé, que a levará ao termo: Ele que, lhe tendo sido oferecida a alegria, suportou a cruz sem levar em consideração a sua humilhação" (Heb 36, 17).

Se desejares ver na cruz um exemplo de humildade, basta-te olhar para o crucifixo. Deus quis ser julgado sob Pôncio Pilatos e morrer: "A vossa causa, Senhor, foi julgada como a de um ímpio" (Jo 36, 17). Sim, de um ímpio, porque disseram: "Condenemo-lo a uma morte muito vergonhosa" (Sb 2, 20). O Senhor quis morrer pelo seu servo, e Aquele que dá a vida aos Anjos, pelo homem: "Fez-se obediente até à morte" (Fl 2, 8)

Se queres na cruz um exemplo de obediência, segue Àquele que se fez obediente ao pai, até à morte: "Assim como pela desobediência de um só homem, muitos se tornaram pecadores; também pela obediência de um só homem, muitos se tornaram justos" (Rm 5, 19).

Se na cruz estás procurando um exemplo de desprezo das coisas terrenas, segue Àquele que é o Rei e o Senhor dos Senhores no qual estão os tesouros da sabedoria, mas que na cruz aparece nu, ridicularizado, escarrado, flagelado, coroado de espinhos, na sede saciado com fel e vinagre e morto. Não deves te apegar às vestes e às riquezas, "porque dividiram entre si as minhas vestes" (Sl 29, 19); nem às honras, porque "Eu suportei as zombarias e os açoites"; nem às dignidades, porque "puseram em minha cabeça uma coroa de espinhos que trançaram"; nem às delícias, porque "na minha sede deram-me vinagre para beber" (Sl 68, 22)


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Contra a verdade não temos poder algum; temo-lo apenas em prol da verdade.(II Coríntios 13,8)