Contra a verdade não temos poder algum; temo-lo apenas em prol da verdade. (II Coríntios 13,8)

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Filosofia e Teologia: metodologia e objeto

Padre Elílio de Faria Matos Júnior

Sabemos que Filosofia e Teologia são ciências distintas, quer pelo método quer pelo objeto. Enquanto a Filosofia procede por raciocínios lógicos a partir dos primeiros princípios da razão pura e tem como objeto primeiro o mundo e o homem tais como se apresentam ao estudioso pela experiência, a Teologia, por sua vez, procede a partir do ato de fé na revelação divina, procurando um certo entendimento dessa fé, e o seu objeto primeiro é o próprio Deus tal como se dá a conhecer em sua auto-revelação. Assim, a Teologia pode ser dita ciência da fé, enquanto a Filosofia é a ciência da razão.

Tal distinção, contudo, não leva necessariamente a uma separação entre as duas ciências. Aliás, ao longo da história da Igreja, pode-se verificar que Teologia e Filosofia muitas vezes se mostraram em íntima relação. Sejam citados aqui o período patrístico e escolástico, que testemunham a relação harmoniosa entre teologia e filosofia estabelecida na obra fecunda de um Santo Agostinho (†430) ou de um Santo Tomás de Aquino (†1274). Não podemos dizer, entretanto, que faltem autores na modernidade ou na contemporaneidade que procuraram correlacionar as duas ciências.

Uma pergunta surge: Por que Teologia e Filosofia, sendo distintas, podem se relacionar? Na verdade, Teologia e Filosofia podem realizar um frutífero conúbio na medida em que se interessam pela visão de totalidade e na medida em que seu objeto coincide, ainda que parcialmente.[1] Sim; a Teologia, como já se disse, tem por objeto primeiro Deus, tal como ele mesmo se deu a conhecer pela revelação judaico-cristã; o homem e o mundo caem também sob a consideração da teologia na medida em que se relacionam com Deus ou são vistos sob a luz de Deus revelador. A Filosofia, por sua vez, como já notamos, tem como objeto primeiro de sua consideração o mundo e o homem percebidos pela experiência, mas pode chegar ao Absoluto – Deus – como fundamento radical do mundo e do homem.

Desse modo, é fácil ver que tanto a Teologia como a Filosofia tratam de Deus, do mundo e do homem. A primeira, por um movimento de descida (katabasis), vai de Deus até o homem e o mundo considerados sob a luz da fé na auto-revelação de Deus; a segunda, por um movimento de subida (anabasis), vai do mundo e do homem até Deus considerado sob a luz da razão interrogante. E é exatamente essa comunidade de objeto que torna possível a relação entre ambas.

Uma das sistematizações mais consistentes da relação entre fé e razão encontra-se na grandiosa obra de Santo Tomás de Aquino. O Aquinate viu bem que, sendo Deus, ao mesmo tempo, o criador da ordem racional e o autor da fé, não poderia haver contradição de iure entre ambas, preservadas as devidas distinções. Motivado, assim, por essa certeza, foi capaz de construir uma reflexão filosófico-teológica de invejável vigor especulativo. A grande originalidade de Tomás está no fato de ter elaborado uma metafísica do esse (do ser como ato de existir), superando, desse modo, a metafísica das essências que herdara dos gregos.[2]



[1] Digo “ainda que parcialmente” porque a Filosofia, embora possa tratar de Deus, não o considera, contudo, como a Teologia. A Filosofia chega a Deus como causa transcendental do mundo e do homem, e não alcança a vida íntima de Deus, o que só se pode atingir, ainda que dentro dos limites da linguagem humana, pela Teologia, que parte da fé naquilo que Deus mesmo deu a conhecer de si, como, por exemplo, a Trindade das Pessoas Divinas. [2] VAZ, Henrique C. de Lima. Tomás de Aquino: do ser ao absoluto. In: ____ Escritos de Filosofia III. Filosofia e Cultura. São Paulo: Loyola, 1997, p. 283-342.


Fonte: http://padreelilio.blogspot.com/2009/12/filosofia-e-teologia-metodologia-e.html

Esquema do Modernismo Católico

Introdução

Constata-se que a Igreja Católica atravessa uma grande crise, talvez a maior em toda sua história. Grandes nações, outrora católicas, legitimam leis (ou querem legitimar) que excluem qualquer referência as suas origens cristãs. A própria Igreja balança, tornando verdades anteriormente incontestáveis plenas de dúvidas ou até mesmo ultrapassadas. Nem mesmo a Missa ficou livre de profundas transformações. Algo desse tipo não pode ser feito de um dia para o outro, mas são precisos séculos de preparo. O presente artigo visa somente oferecer aos leitores um esquema histórico do modernismo católico até o concílio Vaticano II, de forma a fornecer uma visão de todo, que possa ser uma bússola orientadora para um estudo aprofundado.

As tendências precursoras do Concilio Vaticano II

Catolicismo liberal

· Surgido na França no Século XIX. Seu fundador foi o sacerdote Felicidad Roberto de Lamennais (1782-1854) que difundiu as idéias liberais através do jornal l’Avenir fundado em 1830.

· Pretendia fazer a síntese, a conciliação entre o catolicismo e os princípios da Revolução Francesa (igualdade, liberdade e Fraternidade). Sustentava a separação entre Igreja e Estado e a liberdade religiosa.

· Dentro do Catolicismo Liberal se desenvolveram dois fenômenos: a democracia cristã no campo político e o modernismo no campo religioso.

a. Democracia Cristã

· Tinha o propósito de reunir em um partido seus adeptos

· Surgiu também na França em 1892. Seu fundador foi o industriário Leon Harmel

· Defendia que todo o poder vem de Deus, mas reside primeiro no povo que delega aquele aos governantes (soberania popular).

· Criação de um partido em 1897, chamado “Conselho Nacional da Democracia Cristã”. Ao mesmo tempo houve formação de uma Sociedade Secreta chamada “Seminaristas Sociais”, cujo objetivo era distribuir periódicos clandestinos nos Seminários

· Posteriormente, surge o filósofo Jacques Maritain (1882-1973), defensor de uma Nova Cristandade laica, dessacralizada. Ele tenta fazer a conciliação da Fé Católica com o humanismo antropocêntrico.

b. Modernismo

· Surgiu igualmente na França nos últimos anos do governo de Leão XIII, se desenvolvendo também na Itália, Inglaterra e Alemanha.

· Defendia a evolução dogmática

· Parte da incapacidade do homem de conhecer a existência de Deus pela razão natural (imanentismo de Kant)

· Tem como precursor Louis Olivier Duchesne (1843-1922), professor de história e arqueologia cristã do Instituto Católico e Paris, que escreveu um livro intitulado “Histoire ancienne de L’Eglise (História antiga da Igreja)”, onde faz uma análise racionalista do cristianismo.

· Os principais modernistas foram os sacerdotes Loisy (francês), Tyrrel (irlandês) e Laberthoniere (francês), assim como os leigos Maurice Blondel (francês) e Le Roy (francês). Na Itália foram Buonaiuti e Murri.

· Alfred Firmin Loisy (1857-1940) à discípulo de Duchesne. Professor de exegese do Instituto Católico de Paris. Autor do livro capital do modernismo “L’Evangile et L’Eglise (O evangelho e a Igreja)”, onde nega o caráter sobrenatural da religião cristã, os milagres, a ressurreição, etc; e defende a evolução dogmática.

· Maurice Blondel (1861-1949) à filósofo. Autor do livro “La acción (A ação)”. Defendia entre outras coisas a tradição como experiência coletiva da Igreja, portanto, algo evolutivo.

Renato Salles

Fonte: http://renatosalles.blogspot.com/2010/02/esquema-do-modernismo-catolico.html

A Nova Ordem

Por Cardeal Antonio Cañizares Llovera

De instâncias influentes se pensa e trabalha por uma Nova Ordem. Pretende-se levar a cabo, com implacável engenharia social, uma mudança cultural de grande envergadura, um grande projeto para uma nova identidade. Digam ou não, no fundo, se está tratando de construir um mundo em que já não há nada verdadeiro, nem bom, nem valioso, nem justo em si e por si mesmo, nada transcendente, nem nada que esteja acima de nós. O relativismo se apropria da cultura e das mentes.

A negação da verdade e do bem é o motor que impulsiona um processo de expulsão de Deus e da religião do âmbito público. Se o bem e a verdade não podem ser conhecidos, então somente se pode ligar a lei a um sentido procedimental; isto é, a lei vem a ser uma maneira de se entender os homens, de viver em comunidade sem se matar, de garantir um marco onde cada indivíduo possa realizar seu “plano de vida” sem causar dano aos outros. Graças a este primeiro passo — relativista — a religião fica reduzida ao âmbito do privado. Há um segundo passo. A visão contratualista da sociedade se torna absoluta, porque o Estado não tem limites. Não há Deus, não há lei natural, não há nenhuma verdade sobre o bem que esteja acima da vontade do Estado. É um Estado absoluto. A liberdade do indivíduo é ilimitada, segundo esta concepção filosófica. Cada homem é livre para fazer o que quer. Não há nenhuma lei superior que indique o que se pode ou não realizar. Contudo, para tornar possível a vida na sociedade se realiza um pacto, através do qual cedemos nossos ilimitados direitos ao Estado. Ele velará para que estes direitos ilimitados possam ser realizados, assegurando ao mesmo tempo solidariedade e segurança. Pois bem, se não existe uma verdade última que guie e oriente a ação política, as idéias e as convicções humanas podem ser instrumentalizadas para fins de poder. O pluralismo supostamente é aceito, mas com exceção daqueles que crêem conhecer a verdade. Estes não podem ser aceitos porque são um perigo para a democracia.

Essa situação é real, a temos instalada em certos âmbitos do poder, e se estende sobretudo entre os setores jovens, ante a passividade ou a resignação, como se nada ocorresse. O que está em jogo por detrás de tudo, o digo uma vez mais, é um mundo com Deus ou sem Deus. Nesta ausência de Deus se funda a crise de nossa cultura. Por isso mesmo, só se superará tal crise se desaparecesse esse “silêncio ou ausência” de Deus, se o homem voltar a Deus, ou se devolver a Deus o lugar vital e central que lhe corresponde no coração, no pensamento e na vida do homem. Não acuso a ninguém; menos ainda condeno alguém — tampouco à sociedade que tem costas-largas –. Sei que dizer isso é nadar contra a corrente, “não está nada moda”. Mas não posso nem devo falar com palavras aduladoras. É muito, é tudo, o que aqui está em jogo. Não esqueço de São Paulo, para quem “a verdade era muito grande para se estar disposto a sacrificá-la em benefício de um êxito externo. Para ele, a verdade que havia experimentado no encontro com o Ressuscitado merecia, pelo contrário, a luta, a perseguição e o sofrimento. Mas o que o motivava no mais profundo era o fato de ser amado por Jesus Cristo e o desejo de transmitir aos demais este amor. São Paulo era um homem capaz de amar, e todo seu trabalhar e sofrer se explicam a partir deste centro” (Bento XVI).



fonte: http://fratresinunum.com/2010/02/25/a-nova-ordem/

A Missa do futuro


fonte: http://indexbonorvm.blogspot.com/2010/04/missa-do-futuro.html

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