Contra a verdade não temos poder algum; temo-lo apenas em prol da verdade. (II Coríntios 13,8)

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Os Reformadores Protestantes sobre Maria

Por Letras e Ciência

Quando os fundamentalistas estudam os escritos dos "reformadores" (ou fundadores de suas seitas particulares) sobre Maria, a Mãe de Jesus, eles encontrarão que os "reformadores" aceitavam quase que a maior parte da doutrina mariana e consideravam ser essas doutrinas tanto baseadas na Escritura quanto fundamentais para a Fé Cristã histórica.


Martinho Lutero:

Maria, a Mãe de Deus

Por toda a sua vida, Lutero manteve sem mudança a afirmação cristã histórica de que Maria era a Mãe de Deus: "Ela é corretamente chamada não somente de mãe do homem, mas também a Mãe de Deus... É certo que Maria seja a Mãe do Deus real e verdadeiro."1

Virgindade Perpétua

Novamente, por toda a sua vida, Lutero sustentava que a virgindade perpétua de Maria era um artigo de fé para todos os cristãos - e interpretava Gálatas 4,4 para significar que Cristo foi "nascido de uma mulher" sozinha.

É um artigo de fé que Maria seja Mãe do Senhor e ainda uma Virgem."2

A Imaculada Conceição

Ademais, novamente, a Imaculada Conceição foi uma doutrina que Lutero defendia até a sua morte (como confirmado pelos estudiosos luteranos como Arthur Piepkorn). Como Agostinho, Lutero viu um vínculo inquebrável entre a maternidade divina de Maria, a virgindade perpétua e a imaculada conceição. Embora a sua formulação da doutrina da Imaculada Conceição não fosse claramente nítida, ele sustentava que a alma dela fosse isenta do pecado desde o início:

"Mas a outra concepção, nomeadamente a infusão da alma, é piedosa e devidamente acreditada, foi sem qualquer pecado, de modo que, enquanto a alma estava sendo infundida, ela seria ao mesmo tempo limpada do pecado original e adornada com as dádivas de Deus para receber a santa alma desta maneira infusa. E, desta maneira, no mesmo momento em que ela começou a viver, ela estava sem todo pecado..."3

Assunção

Embora ele não tivesse feito disso um artigo de fé, Lutero disse sobre a doutrina da Assunção:

"Não pode haver dúvida de que a Virgem Maria esteja no céu. Como isso aconteceu, nós não sabemos."4

Honra a Maria

Apesar de seu criticismo incessante das doutrinas tradicionais da mediação e intercessão marianas, ao final Lutero continuou a proclamar que Maria deveria ser honrada. Ele fez disso um ponto a pregar nos dias de festa dela.

"A veneração de Maria está inscrita nas profundezas do coração humano."5

"Somente Cristo é para ser adorado?" Ou a santa Mãe de Deus não deve ser honrada? Esta é a mulher que esmagou a cabeça da Serpente. Ouça-nos. Porque o teu Filho não te nega nada."6 Lutero fez esta declaração em seu último sermão em Wittenberg em janeiro de 1546.


João Calvino

Tem sido dito que João Calvino pertenceu à segunda geração dos reformadores e certamente a sua teologia da dupla predestinação governou as suas visões sobre a doutrina mariana e toda a cristã. Embora Calvino não fosse profuso em seu louvor a Maria como Martinho Lutero, ele não negou a sua virgindade perpétua. O termo que ele usava mais comumente para se referir a Maria era "Virgem Sagrada".

"Isabel chamou Maria de Mãe do Senhor, porque a unidade da pessoa de Cristo em duas naturezas foi tal que ela poderia ter dito que o homem mortal produzido no ventre de Maria era ao mesmo tempo o Deus eterno."7

"Helvídio mostrou-se muito ignorante ao dizer que Maria teve diversos filhos, porque a menção é feita em algumas passagens dos irmãos de Cristo."8 Calvino traduziu "irmãos" neste contexto para significar primos ou parentes.

"Não pode ser negado que Deus ao escolher e destinar Maria para ser a Mãe de seu Filho lhe garantiu a mais alta honra."9

"Até este dia nós não podemos apreciar a bênção trazida a nós em Cristo sem pensar ao mesmo tempo naquilo que Deus deu como adorno e honra a Maria, em querê-la para ser a mãe de seu Filho unigênito."10


Ulrich Zwingli

"Foi-lhe dado o que não pertence à criatura, que na carne ela deveria gerar o Filho de Deus."11

"Eu firmemente acredito em Maria, de acordo com as palavras do evangelho, como uma Virgem pura que gerou para nós o Filho de Deus, e no parto e depois do parto para sempre permaneceu uma Virgem pura, intacta."12 Zwingli usou Êxodo 4,22 para defender a doutrina da virgindade perpétua de Maria.

"Eu estimo imensamente a Mãe de Deus, a sempre casta, imaculada Virgem Maria."13

"Cristo... nasceu da mais incontaminada Virgem."14

"Era justo que tal Filho santo tivesse uma Mãe santa."15

"Quanto mais a honra e o amor de Cristo cresce entre os homens, mais a estima e a honra dadas a Maria devem crescer."16


Poderíamos querer saber por que as afirmações marianas dos reformadores não sobreviveram no ensinamento de seus herdeiros - especialmente os fundamentalistas. Esta quebra com o passado não veio por nenhuma descoberta ou revelação nova. Os próprios reformadores (veja acima) tomaram uma posição benigna, justamente positiva, da doutrina mariana - embora eles rejeitassem a mediação mariana por causa de sua rejeição a toda mediação humana. Além do mais, enquanto havia alguns excessos na piedade mariana popular, a doutrina mariana como ensinada na época pré-reformista extraiu a sua inspiração do testemunho da Escritura e foi enraizada na Cristologia. A real razão para a quebra com o passado deve ser atribuída à paixão iconoclasta dos seguidores da Reforma e as consequências de alguns princípios de reforma. Ainda mais influente sobre a quebra com Maria foi a influência da Era do Iluminismo, a qual essencialmente questionou ou negou os mistérios de fé.

Infelizmente, os ensinamentos e as pregações marianas dos reformadores têm sido "acobertados" pelos seus mais zelosos seguidores - com consequências teológicas e práticas prejudiciais. Esta "cobertura" pode ser detectada mesmo na Chosen by God: Mary in Evangelical Perspective(Escolhida por Deus: Maria na Perspectiva Evangélica), uma crítica evangélica à Mariologia. Um dos contribuidores admite que "O mais notável para os protestantes modernos é a quase aceitação universal dos reformadores da virgindade contínua de Maria, e a sua relutância generalizada em declarar Maria uma pecadora". Então ele pergunta se é "uma providência favorável" que manteve esses ensinamentos marianos dos reformadores de serem "transmitidos às igrejas protestantes"!17 

O que é interpretado como "Providência" por um crítico mariano pode ser legitimamente interpretado como uma força de um tipo muito diferente por um cristão que reconheceu o papel de Maria no plano de Deus.



NOTAS

1 Martin Luther, Weimar edition of Martin Luther's Works, English translation edited by J. Pelikan [Concordia: St. Louis], volume 24, 107.

2 Martin Luther, op. cit., Volume 11, 319-320.

3 Martin Luther, Weimar edition of Martin Luther's Works, English translation edited by J. Pelikan [Concordia: St.Louis], Volume 4, 694.

4 [Martin Luther, Weimar edition of Martin Luther's Works (Translation by William J. Cole) 10, p. 268.

5 [Martin Luther, Weimar edition of Martin Luther's Works(Translation by William J. Cole) 10, III, p.313.

6 Martin Luther, Weimar edition of Martin Luther's Works, English translation edited by J. Pelikan [Concordia: St. Louis], Volume 51, 128-129.

7 John Calvin, Calvini Opera [Braunshweig-Berlin, 1863-1900], Volume 45, 35.

8 Bernard Leeming, "Protestants and Our Lady", Marian Library Studies, January 1967, p.9.

9 John Calvin, Calvini Opera [Braunshweig-Berlin, 1863-1900], Volume 45, 348.

10 John Calvin, A Harmony of Matthew, Mark and Luke (St. Andrew's Press, Edinburgh, 1972), p.32.

11 Ulrich Zwingli, In Evang. Luc., Opera Completa [Zurich, 1828-42], Volume 6, I, 639

12 Ulrich Zwingli, Zwingli Opera, Corpus Reformatorum, Volume 1, 424.

13 E. Stakemeier, De Mariologia et Oecumenismo, K. Balic, ed., (Rome, 1962), 456.

14 Ibid.

15 Ibid.

16 Ulrich Zwingli, Zwingli Opera, Corpus Reformatorum, Volume 1, 427-428.

17 David F. Wright, ed., Chosen by God: Mary in Evangelical Perspective (London: Marshall Pickering, 1989), 180.


Tradução de Marcos Zamith


Fonte: http://www.catholicapologetics.info/apologetics/general/mary.htm

segunda-feira, 24 de março de 2014

Maria não salva ninguém. Eu sei, e daí?

Na Internet, vejo uma figura do Padre Fábio de Melo em artigo evangélico, dando ênfase à afirmação do sacerdote: “Maria não salva ninguém, quem salva é Jesus Cristo”. Mas não há aí novidade alguma. É exatamente nisso que acreditamos como católicos e ponto. A doutrina católica jamais afirmou o contrário, ainda que coloque Nossa Senhora como corredentora, tendo ela parte fundamental na história da redenção como progenitora de Jesus.

Isso, de modo algum a coloca como salvadora da humanidade. Inferir que a consideramos assim é caricaturar nossa doutrina. Mas por que corredentora?

Seu "sim" foi imprescindível para que a salvação em Cristo ocorresse. Não é necessário ser versado na Bíblia para reconhecer em Maria a mulher a esmagar a cabeça da serpente no livro de Gênesis. Contraposição da desobediência de Eva, Maria acolheu seu chamado com alegria, mesmo que uma gravidez naquelas circunstâncias lhe pudesse custar a morte. Pela desobediência, Eva nos apartou da amizade com Deus. Pela obediência, Maria nos trouxe a reconciliação. Com razão, os antigos padres da Igreja a consideravam a nova Eva.

"Como por uma virgem desobediente foi o homem ferido, caiu e morreu, assim também por meio de uma virgem obediente à palavra de Deus, o homem recobrou a vida. Era justo e necessário que Adão fosse restaurado em Cristo, e que Eva fosse restaurada em Maria, a fim de que uma virgem feita advogada de uma virgem, apagasse e abolisse por sua obediência virginal a desobediência de uma virgem." (Santo Irineu de Lion, Adversus Haeresis)

"Entendemos que se fez homem por meio da Virgem, a fim de que o caminho que deu origem à desobediência instigada pela serpente fosse também o caminho que destruísse a desobediência. Eva era virgem e incorrupta; concebendo a palavra da serpente, gerou a desobediência e a morte. A Virgem Maria, porém, concebeu fé e alegria quando o anjo Gabriel lhe anunciou a boa nova de que o Espírito do Senhor viria sobre ela; a força do Altíssimo a cobriria com sua sombra, de modo que o Santo que dela nasceria seria o Filho de Deus. Então respondeu ela: 'Faça-se em mim segundo a tua palavra'. Da Virgem, portanto, nasceu Jesus, de quem falam as Escrituras"
 
 (Justino, Mártir - Diálogo com Trifão)

A Igreja Católica reserva para Maria um lugar de grande honra e a proclama mãe da Igreja, pois essa é Corpo Místico de Cristo, seu filho. Membros do próprio Cristo, partilhamos também essa maternidade. No entanto, afirmamos sem sombra de dúvida, que Maria é parte da criação. Ela não é Deus e, portanto, não é adorada entre nós.

Dispensamos aos santos uma veneração respeitosa que, em última instância é uma gloria dada ao próprio Cristo, uma vez que os santos renunciavam a si mesmos para viver em sua própria vida o Cristo vivo, como já afirmava São Paulo em Gálatas 2, 20a. Não significa uma adoração. Mas o reconhecimento dessa realidade cristológica presente na vida dos homens e mulheres que viveram a fé de maneira heróica. Veneramos respeitosamente os santos e adoramos o Cristo que neles habita. São eles ícones que apontam o Senhor, tal como os querubins sobre a Arca da Aliança indicavam o Deus que habitava entre eles.

Com relação a Maria, separamos uma veneração respeitosa ainda superior - chamamos de hiperdoulia - pois através de Nossa Senhora, a salvação veio ao mundo, Deus fez-se carne e habitou entre nós. É dela o sangue salvífico escorrido das veias do Cristo que, em suas naturezas - a divina e a humana - é um só e indivisível Deus. Cremos na pureza de Maria. Acreditamos que ela foi antecipadamente beneficiada pelos méritos da cruz de Cristo e por isso preservada do pecado original sendo, por isso, pura para receber Deus em seu ventre e colocá-lo na geração dos homens. Emprestou de si mesma a carne que compõe a natureza humana de Jesus. Mas ela mesma, uma criatura, tal como Eva, tal como Adão. Tal como nós.

"...corpo de Maria toda santa, sempre virgem, por uma concepção imaculada, sem conversão, e se fez homem na natureza, mas em separado da maldade: o mesmo era Deus perfeito, e o mesmo era o homem perfeito, o mesmo foi na natureza em Deus, uma vez perfeito e homem." (Santo Hipólito de Roma, Fragmentos 7)

“Assim, também, eles pregavam o advento de Deus em carne e osso para o mundo, seu advento pela impecável e mãe de Deus Maria no caminho do nascimento e crescimento, e a forma de sua vida e conversa com os homens, e sua manifestação por meio do batismo, e o novo nascimento, que era para ser para todos os homens, e a regeneração pela pia batismal” (Santo Hipólito de Roma, Discurso sobre o fim do mundo)

Se hoje recorremos a ela e aos santos, como intercessores junto a Deus – assim como evangélicos recorrem aos seus pastores e oram uns pelos outros - é porque cremos que ela e os santos estão diante do trono do Altíssimo, servindo dia e noite (Ap. 7, 15); 

Em que consiste esse serviço? Basicamente no amor. Esse que nunca perece, mas ficará após o fim de toda profecia, línguas e conhecimento. É nisso que consiste o serviço dos justos diante do altar. Amar a Deus e ao próximo. As duas dimensões indissociáveis do amor. Amar consiste em agir, portanto não é mero sentimento que pode manter-se inerte. Não há como amar sem que isso se traduza em um ato concreto, um mover-se na direção do objeto a que o amor se destina. Colocar-se a serviço.

Diante do altar de Deus, onde esse serviço ocorre, estão as taças com as nossas orações e elas são apresentadas a Deus. Eis o ato concreto de amor praticado pelos justos diante de Deus, enquanto estamos aqui na terra travando o bom combate.

É verdade, somos constantemente objetados de que deveríamos nos reportar diretamente a Deus, sem outro intermediário que não o Senhor Jesus Cristo, mas isso se tornaria uma objeção também para os protestantes que se reportam ao pastor, ou a um amigo. Se posso me reportar diretamente a Deus por Cristo, qual o sentido da oração pelo irmão? Por que devemos orar uns pelos outros, como aconselha São Tiago? A resposta é óbvia:

Somos um só corpo, temos que viver em comunidade e a cooperação na oração tem o propósito de evidenciar essa realidade. Mas, se o batismo nos une com os irmãos da nossa geração, nos une também com os irmãos de gerações passadas. O mesmo sinal – o batismo - que me une a Cristo, também uniu São Pedro, São Paulo e todos os cristãos ao longo da história. E, se não há morte senão a corporal, ainda estamos todos unidos pelos mesmos sinais e pelos mesmos propósitos. Somos uma mesma comunidade, perene como é perene o Corpo de Cristo, que venceu a morte. E é em Cristo que todo esse processo é mediado.

Nosso agir na Igreja, seja orando, seja confraternizando, seja ajudando é sempre cristológico. A motivação da fé e do ato do cristão é o Cristo propriamente dito. DEle nascem nossos anseios, nEle se concretizam e para Ele se destinam. A oração cristã passa pela mediação de Jesus, porque feita dentro da cosmologia nascida da Cruz. Assim, quando peço para um santo diante do trono de Deus – ou mesmo para um padre ou um bom cristão aqui na terra – que ore por mim, é ao próprio Cristo que peço. O Cristo do qual nos fazemos membros quando renunciamos a nós mesmos e deixamos que Cristo viva em nós. É a humanidade redimida se relacionando com Deus através do Cristo que nos abriu essa possibilidade. Sem Cristo, não haveria Igreja, não haveria salvação, não haveria santo ou amigo a quem eu pudesse recorrer como auxílio junto a Deus.

Jesus não é mero carteiro que envia mensagens ao Criador. A mediação tem a ver com ser Igreja e Igreja ser Cristo e todos nós sermos UM com Ele. Refere-se ainda antes disso, ao fato de que Ele é Deus e homem. O meio caminho entre o Criador do Universo e a Humanidade, antes separados e agora unidos. Jesus é homem que ama a Deus e Deus que ama o homem, tudo isso em uma só pessoa. Dessa realidade é que nasce a fé e a Igreja. E toda a ação dessa Igreja, das orações, da liturgia aos sacramentos, tudo é “com Cristo, por Cristo e em Cristo”. Nada, absolutamente, é feito fora dessa realidade, nem a intercessão dos santos.

Diante disso, resta a objeção do "sono" em que aparentemente jazem os mortos, defendido pelos protestantes desde os tempos de Lutero. Nós, católicos, não acreditamos nesse sono. Recorrerei a um texto de minha própria autoria feito há alguns anos para uma rede social:

Existem duas palavras para “sono” no Novo Testamento. A primeira é “katheudo”. É usada para sono natural, vinculada à perda de consciência. É usada 22 vezes, todas com esse sentido, à exceção de uma, a ressurreição da filha de Jairo. Jesus usa esse termo para mostrar que a morte dela duraria apenas o tempo de um sono.

A outra palavra é “koimaomai”, usada 18 vezes. Três delas se referem ao sono normal, como em Mateus 28, 13 e Lucas 22, 45. Em outras quinze vezes, ela é usada para ilustrar a morte corporal. O significado concreto da palavra “koimao” deriva do verbo “keimai” – deitar. Trata-se do aspecto do corpo após a morte. A palavra que é utilizada serve, na língua grega, como antônimo para o termo “anastásis” - ana (elevação); histemi (ficar ereto).

O que “deita” e depois “levanta” é o corpo e não a alma. Não foi a alma de Cristo que ressuscitou, mas seu corpo revestido de glória. Assim, o termo traduzido por sono atribuído à morte não passa de uma metáfora, nada mais que isso. Sendo assim, não há nenhuma passagem na Bíblia que sugira, de fato, que a alma permanece adormecida durante a morte. O termo usado não se refere à consciência, nem sequer à localização da alma dos que faleceram.

Já o caso contrário é plenamente verificável:

São Paulo, em 2Cor 5, trata dessa questão e afirma que ainda que percamos nossa “tenda terrestre” (o corpo – 2Cor 5, 1; 8), nossa alma (onde se encontra a consciência e a personalidade) parte para estar com o Senhor (2Cor 5, 8). Para que eu não seja acusado de usar essa passagem fora do contexto, é necessário compreender que São Paulo delimita duas mansões: a mansão como morada no Céu (v. 6) e a mansão do nosso corpo (v. 8).

Assim, se nós honramos Maria, não a adoramos. A reverenciamos como Mãe de Jesus Cristo. Mãe de Deus (Theotokos), pois Cristo é indivisível. Suas duas naturezas não são autônomas, mas partes de um todo.
A chamamos Rainha, pois é mãe de um Rei.

A chamamos nossa Mãe, porque somos membros de Cristo, seu filho. Porque não mais vivemos, mas Cristo vive em nós. Porque, se ela é Mãe da Cabeça, há de ser mãe do Corpo também.

A chamamos “senhora”, porque damos o respeito devido a ela como nossa mãe. Assim, se ela é mãe, é também senhora.

A chamamos corredentora porque parte indissociável do plano de salvação de Deus para conosco.

A chamamos Medianeira porque Jesus – o mediador – nos alcançou por intermédio do sim de Maria. (vide a diferença entre medianeira e mediadora).

E absolutamente todos esses títulos e  outros atribuídos a Nossa Senhora tem Jesus Cristo como vetor. Não fere, antes enaltece a soberania de Deus sobre nós. Tem como objetivo cumprir a honra devida à Nossa Senhora por todas as gerações.

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