Contra a verdade não temos poder algum; temo-lo apenas em prol da verdade. (II Coríntios 13,8)

quinta-feira, 19 de maio de 2016

Dom Vital, a Questão Religiosa no Brasil e a Maçonaria



Dom Vital – A Questão Religiosa no Brasil


“Porei ódio entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. ” (Genesis 3,15)

Aspectos políticos e religiosos que antecederam a questão religiosa durante o Segundo Reinado (1839-1889).


a) Maçonaria e protestantismo

No segundo império do Brasil a religião oficial era a católica. O Padroado dava ao Imperador D. Pedro II alguns privilégios, como os de indicar a nomeação de bispos, coletar dízimos, criar igrejas e prover os Benefícios Eclesiásticos.

O padroado fora um benefício concedido pela Igreja para algumas nações benfeitoras, com o objetivo de incentivar a expansão e manutenção da fé nos territórios coloniais dessas nações. No caso do Brasil, os reis portugueses tinham recebido da Igreja esses direitos, para patrocinar a atividade missionária em suas colônias.

Através da Bula Proeclara portugaliae algarbiorum que regum, o Papa Leão XII, em 15 de maio de 1827 concedeu o direito de padroado ao Império Brasileiro. Porém, o Parlamento brasileiro imediatamente rejeitou a bula, com o argumento de que o direito do padroado já era inerente à soberania e não necessitava de tal reconhecimento.

Desta rejeição da Bula papal pode-se constatar a tendência nacionalista, de origem galicana, do império brasileiro, que levava a não aceitar a autoridade e interferência do Papa, considerado como “monarca estrangeiro”, no território nacional

Se a constituição de 1824 garantia a religião católica como oficial do império, também concedia ao Imperador D. Pedro II as atribuições de conceder ou negar beneplácitos aos Decretos dos Concílios, Letras Apostólicas, e quaisquer outras Constituições Eclesiásticas.

O Imperador tinha o direito, conforme a Constituição, de examinar todos os documentos vindos de Roma, que só entrariam em vigor no Brasil após o seu placet, ou seja, após o consentimento imperial.

Assim, Joaquim Nabuco, liberal e maçom, exprime o pensamento dos autores da Constituição em relação à Igreja no Império brasileiro, deixando clara sua concepção galicana:

“ O pensamento dos autores da Constituição foi fundar entre nós uma igreja nacional, que vivendo na unidade católica tivesse uma certa independência da centralização romana, (…), esse privilégio da igreja galicana. Para isso, o legislador constituiu o Imperador a primeira autoridade eclesiástica do País, neste sentido – que lhe pertence não só a escolha do pessoal, a formação da hierarquia da igreja, como o julgamento supremo de todas as leis e decretos dos Papas e dos Concílios. ” (Nabuco, Joaquim – O Poder Ultramontano apud Villaça, Antônio Carlos – História da questão religiosa no Brasil, 1974, p.146)

O nome dado a essa defesa do direito de interferência do chefe de estado em assuntos internos da Igreja é regalismo. E no Segundo Império o regalismo era – ou se tornou – anticlerical, como veremos, o que de resto era fácil de acontecer.

Com esse cenário político no Brasil, por influência dos liberais e do republicanismo americano, a Maçonaria, numa ação conspiratória, não perdeu tempo em ajudar a desgastar a relação entre o Império e a Igreja, procurando sempre gerar conflitos, visando a acelerar a separação entre a Igreja e o Estado.

Um fato que chama atenção é o estreito relacionamento, e também a ajuda mútua, entre maçons e protestantes no período do Segundo Império. Os maçons protegiam e ajudavam a financiar o proselitismo protestante nas províncias. E, antes de criarem os seus próprios jornais, os protestantes publicavam artigos contra a doutrina católica nos jornais maçônicos. Houve um missionário protestante que chegou a afirmar, absurdamente, que Deus é quem estava ajudando a Maçonaria a destruir a hegemonia católica no Brasil.

A Igreja respondia aos ataques através de seus jornais católicos. Já contra o proselitismo protestante, a Igreja reclamava com o governo, pois a religião oficial, no Brasil imperial era a católica. Outras religiões eram permitidas, porém com culto doméstico sem divulgação ou propaganda, conforme a constituição vigente.

Para se ter uma ideia da extensão da ajuda mútua entre maçons e protestantes, um pastor luterano no interior de São Paulo, sem o menor constrangimento, alugou um salão maçônico, por falta de outro local, para a realização de cultos protestantes.

Pode-se de imaginar o tal pastor luterano criticando a Igreja Católica por possuir imagens de Nosso Senhor, de Nossa Senhora e dos Santos, em meio a vários símbolos, figuras e imagens esotéricas em um local onde se ensinava, secretamente, uma doutrina contrária à doutrina de Cristo.

A relação entre a Maçonaria e o protestantismo é, aliás, antiga. A chamada Maçonaria moderna ou Maçonaria especulativa, criada em 1717 na Inglaterra, tem, como principal fundador, o pastor protestante James Anderson.

Aqui, os políticos liberais maçons tinham como objetivo transformar rapidamente o Brasil em uma república. No campo religioso, seus principais objetivos eram os de separar a Igreja do Estado, permitir a liberdade de culto e instituir o casamento civil. Entre outros, o deputado Tavares Bastos, Tito Franco e o senador Saldanha Marinho.

Tavares Bastos, deputado anticatólico e maçom, foi um dos maiores defensores da causa protestante no Brasil. Tinha como amigo íntimo James Colley Fletcher, um americano calvinista que veio para o Brasil a princípio como capelão da Marinha americana, pois, contexto da corrida do ouro (1849), muitos americanos, contornando o continente pelo Sul, estavam passando pelo Brasil, na época, tendo como destino a California. Posteriormente, Fletcher, que tinha vários amigos maçons com posições importantes no Império brasileiro, dava suporte e proteção aos protestantes de todas as denominações.

Tavares Bastos sustentava a a tese de que o “progresso” só viria ao Brasil se a nação se tornasse protestante e renegasse toda sua origem cultural. Par alcançar esse objetivo, defendia a imigração em massa de americanos para o Brasil. Também racista, chegou a dizer que era necessário que o Brasil corrigisse a causa de seu “atraso” e sua imoralidade, cujo pior aspecto era, segundo ele, a mistura de raças. Porém, como tinha correligionários mulatos, como o próprio Saldanha Marinho, recuou e não mencionou mais o que realmente pensava a este respeito.Mas não deixava de manifestar seu pensamete maçônico e anti-católico, tendo dito em certa ocasião: “(…) o que fazer? Não se podia mais agir (…) como Marques de Pombal, e ameaçar queimar vivos os jesuítas, expulsá-los ou prende-los… A liberdade de culto resultaria em maior indiferença religiosa, degradaria o catolicismo (…)” (Vieira, David Gueiros – O protestantismo, a Maçonaria e a Questão Religiosa no Brasil, 1980, p.286)

Também o deputado Tito Franco, igualmente maçom, ajudava e protegia os protestantes. Como fez em Belém, terra do Bispo Dom Macedo. Tito em certo momento teve posição contrária aos colegas Saldanha Marinho e Tavares Bastos, que desejavam uma separação rápida entre Igreja e Estado. A posição de Tito Franco era a galicana, queria que a Igreja permanecesse ligada ao Estado para ser controlada. Para ele o Estado deveria permitir a liberdade religiosa e de culto, pois assim a população poderia se dividir em vários grupos religiosos e, então seria mais seguro separar a Igreja do Estado. No seu entender, era perigoso deixar a Igreja Católica livre do controle do Estado, pois muitas pessoas poderiam se converter ao Catolicismo e isso se tornaria uma ameaça aos planos maçônicos e ao “progresso”.

O senador Saldanha Marinho, jornalista, também maçom, publicou em artigos de jornais, ataques e críticas sistemáticos contra a Igreja Católica. Seu objetivo era, segundo Vieira, “ (..) promover, pela propaganda (jornalística), a separação de Igreja e do Estado, desfazendo assim, “ o consórcio híbrido entre trono e altar” a fim de estabelecer a “liberdade humana” no Brasil (…) absoluta liberdade de culto (…) e pela liberdade de consciência” (Vieira, David Gueiros – O protestantismo, a Maçonaria e a Questão Religiosa no Brasil, 1980, p.288)



b) Textos pontifícios e episcopais



Como é sabido, pouco antes, em 1832, Papa Gregório XVI na encíclica Mirari Vos condenara a liberdade de consciência e a separação entre Igreja e o Estado. Diz ele:

“Delírio da liberdade de consciência

“10. Dessa fonte lodosa do indiferentismo promana aquela sentença absurda e errônea, digo melhor disparate, que afirma e defende a liberdade de consciência. Este erro corrupto abre alas, escudado na imoderada liberdade de opiniões que, para confusão das coisas sagradas e civis, se estendo por toda parte, chegando a imprudência de alguém se asseverar que dela resulta grande proveito para a causa da religião. Que morte pior há para a alma, do que a liberdade do erro! Dizia Santo Agostinho (Ep. 166). Certamente, roto o freio que mantém os homens nos caminhos da verdade, e inclinando-se precipitadamente ao mal pela natureza corrompida, consideramos já escancarado aquele abismo (Apoc 9,3) do qual, segundo foi dado ver a São João, subia fumaça que entenebrecia o sol e arrojava gafanhotos que devastavam a terra. Daqui provém a efervescência de ânimo, a corrupção da juventude, o desprezo das coisas sagradas e profanas no meio do povo; em uma palavra, a maior e mais poderosa peste da república, porque, segundo a experiência que remonta aos tempos primitivos, as cidades que mais floresceram por sua opulência, extensão e poderio sucumbiram, somente pelo mal da desbragada liberdade de opiniões, liberdade de ensino e ânsia de inovações“ (Papa Gregório XVI – Encíclica Mirari Vos, 1832)

“Males da separação da Igreja e do Estado

“16. Mais grato não é também à religião e ao principado civil o que se pode esperar do desejo dos que procuram separar a Igreja e o Estado, e romper a mútua concórdia do sacerdócio e do império. Sabe-se, com efeito, que os amadores da falsa liberdade temeram ante a concórdia, que sempre produziu resultados magníficos, nas coisas sagradas e civis. ” (Papa Gregório XVI – Encíclica Mirari Vos, 1832)

E o Papa Pio IX, no Syllabus, entre vários erros também condenou a liberdade de culto:

“III. Indiferentismo, Latitudinarismo

“16° No culto de qualquer religião podem os homens achar o caminho da salvação eterna e alcançar a mesma eterna salvação.

“18° O protestantismo não é senão outra forma da verdadeira religião cristã, na qual se pode agradar a Deus do mesmo modo que na Igreja Católica. ” (Papa Pio IX – Syllabus, 1864).

“IX. Erros acerca do Principado Civil do Pontífice Romano

“77° Na nossa época já não é útil que a Religião Católica seja tida como a única Religião do Estado, com exclusão de quaisquer outros cultos.

“78° Por isso louvavelmente determinaram as leis, em alguns países católicos, que aos que para aí emigram seja lícito o exercício público de qualquer culto próprio.

“79º É falso que a liberdade civil de todos os cultos e o pleno poder concedido a todos de manifestarem clara e publicamente as suas opiniões e pensamentos produza corrupção dos costumes e dos espíritos dos povos. ” (Papa Pio IX, Syllabus, 1864).

Também Dom Vital, explicou e alertou, para seus fiéis de Pernambuco, sobre os erros da liberdade desejada pela Maçonaria:

“ Só o catolicismo garante a verdadeira liberdade, só ele dá a verdadeira significação e frutos saborosos (…) Liberdade não é licença; a liberdade sem limites não é progresso, é o trabalho de um cadáver em decomposição! ”

“(…) Persuadi-vos que somente o Filho de Deus feito homem é o nosso libertador; nele está a nossa salvação. Por amor dele obedecei à autoridade terrena, e dai a Cesar o que é de Cesar; mas não vos esqueçais que não sois escravos de ninguém, e que a vossa obediência é devida antes de tudo a Deus. Sede sujeitos aos pastores que a Igreja vos deu para dirigir-vos; fugi sobretudo dos semeadores do cisma e da falsa liberdade. ” (Olívola, Frei Felix de – Um Grande Brasileiro, p. 69,1967)

Nos dias de hoje podemos, claramente, constatar a decadência moral a que uma falsa liberdade humana, escrava dos piores pecados, trouxe para o Brasil e para o mundo.

Atualmente, como escreveu o ex-maçom francês Maurrice Caillet podemos saber que os princípios da falsa liberdade “…tem levado a maçonaria a preparar e a promover na França todas as leis que favorecem a libertinagem sexual, o divórcio, a contracepção química e mecânica, o aborto, o célebre PACS (pacto civil de solidariedade, uma união civil entre pessoas heterossexuais ou homossexuais), a manipulação de embriões e a despenalização de drogas brandas, assim como a legalização da eutanásia” (Caillet, Maurice – Yo fui Masón pag.177, 2008)

E, assim, ”é todo o conceito de família que está sendo derrubado. ” (Simon, Pierre – De la vie avant toute autre chose, 1979, Ed. Mazarine apud Caillet, Maurice –Yo fui Masón pag.178,2008)

Vejamos abaixo, a título de exemplo, o parecer de uma loja maçônica sobre perguntas feitas no congresso maçônico, de fevereiro de 1904, do Estado de São Paulo:

“ 1) Há convivência na ação conjunta e uniforme da Maçonaria do Sul da América, para fazer frente à invasão do clericalismo?

2) A maçonaria assim unida poderá conseguir que as Nações Sul-Americanas reajam desde já contra semelhante invasão?

3) Quais os meios a empregar?

4) As lojas sentem-se com força para a luta e contam com elementos para agir por si ou auxiliando os PPd SSup?

I Série 1°, 2°, 3° … respondemos sim, é necessário enfrentar o clericalismo até enforcar o último papa com os intestinos do último frade. Meio a empregar: energia constante; sentimo-nos com força e coragem e contamos com bastante elemento”. (Kloppenburg, Dr. Boaventura – A Maçonaria no Brasil, página 300)

Vemos claramente que a Maçonaria, ao contrário do que propala, não é favorável à liberdade de todos os cultos. Na verdade, ela é contra o Catolicismo e contra a Igreja, para assim propagar e impor a sua doutrina oculta. O antagonismo entre o ensinamento da Igreja e o da Maçonaria é mais bem compreendido, quando entendemos que os princípios maçônicos emanam de uma doutrina oculta, a gnose. Segundo João Anatalino, maçom,

“De qualquer forma, em tudo que se refere à Maçonaria, essas informações são de extrema importância quando se trata de conhecer a sua origem e entender a sua filosofia. Ela contém raízes muito profundas na Gnose (…) E embora a Gnose, como sistema de pensamento, tenha sobrevivido (…) através dos séculos, foi através da prática maçônica que ela ganhou corpo entre a elite intelectual que se formou após o período cultural conhecido com Renascença. ” (Gnose e Maçonaria – João Anatalino – Recanto das Letras, http://www.joaoanatalino.recantodasletras.com.br/visualizar.php?idt=3874910)

“Mas foi a Gnose que forneceu à Maçonaria os grandes temas desenvolvidos em seus rituais, Foi, aliás, por intermédio dos filósofos daquela escola de pensamento que tomamos conhecimento dos grandes mitos da Antiguidade, oriundos das culturas egípcia, persa, caldeia e grega principalmente, que a Maçonaria adotou em seus rituais (…) Não é sem razão que as confissões religiosas oficiais olham com desconfiança para a Maçonaria. Afinal, seu caráter é, sem dúvida, bem ambíguo. Simultaneamente, religião e escola de pensamento(…)” (O negrito é meu). (Anatalino, João – Conhecendo a Arte Real : A maçonaria e suas influências históricas e filosóficas, página 22, 2007)

Assim, segundo um de seus membros, a Maçonaria tem uma religião. Essa religião é a gnose, a mesma e antiga religião condenada por Santo Irineu no século II, que a Maçonaria ocultamente ensina e propaga sob o nome de liberdade humana.


c) Dom Vital

Vital Maria Gonçalves de Oliveira, pernambucano, ingressou inicialmente no seminário de Olinda e, após alguns meses, foi para o seminário de São Suplicio na França. Nesse país se tornou capuchinho da ordem dos franciscanos e recebeu ordenação sacerdotal em 1868.

Em 1872, aos 27 anos, Dom Vital foi sagrado Bispo de Olinda na catedral de São Paulo, após aceitação do Papa Pio IX do pedido de nomeação feito por D. Pedro II.

O começo do conflito da questão religiosa ocorreu em 3 de março 1872, com um escândalo do Padre Almeida Martins, que discursou em perfeito estilo maçônico quando de uma grande festa promovida pelo Grande Oriente do Lavradio para comemorar a Lei do Ventre Livre. Posteriromente, este discurso, foi pulblicado em jornais por todo Brasil.

Na época o Bispo do Rio de Janeiro, D. Pedro Maria de Lacerda, chamou o Padre Almeida advertindo-o sobre a gravidade de seu ato. Pediu que o Padre se afastasse da Maçonaria e se arrependesse de seu discurso. E lembrou ao Padre que a excomunhão é a pena para todo o católico que se torna maçom. O Padre, porém, não voltou atrás e por esse ato de desobediencia foi punido com a suspesão de suas funções eclesiásticas.

Após isso a Maçonaria, em uma assembléia presidida pelo próprio presidente do governo, definiu as seguintes ações:

“1º – Iniciar uma grande campanha contra os bispos e a Igreja, através da imprensa;

2º – Convocar todos os maçons dissidentes a se unirem ;

3º – Recolher fundos para campanha.” (Olívola, Frei Felix de – Um Grande Brasileiro, página 69,1967)

Estando assim toda Maçonaria do Brasil unida pela causa, começou uma intensiva campanha contra a Igreja Católica e seus Bispos. Foram fundados inúmeros novos jornais e seguiram-se provocações, difamações, blasfêmias, calúnias e até atos violentos.

Antes da chegada de Dom Vital a Recife, os jornais maçôncios já suscitavam a desconfiança contra o novo Bispo, classificando-o como “homem perigoso”, ultramontano e frade “impregnado” do “espírito inquisitorial”.

Ocorreram inúmeras outras provocações e insultos, durante cinco meses, durante os quais Dom Vital manteve-se em silêncio. O Bispo de Olinda sabia que o mínimo protesto daria início a uma grande luta. Entretanto, um pastor publicou, num jornal maçônico do Recife chamado A Verdade, um artigo atacando o dogma da virgindade perpétua de Nossa Senhora. Diante da blasfêmia contra a Santíssima Virgem Maria, Dom Vital, não pôde mais calar-se.

Então, na festa da Apresentação de Nossa Senhora, em 21 de novembro de 1872, Dom Vital publicou um forte protesto:

“…. Chegaram ao ponto, diletíssimos Irmãos, de negar à nossa Mãe SSma. uma das prerrogativas que é o mais precioso brilhante de sua coroa de glória; negaram a sua virgindade perpétua!(…) Em face desse derramamento de doutrinas pestilentas, não podemos conservar-nos quedos e mudos. Semelhante procedimento tornar-nos-ia réu de traição à missão augusta e divina de que fomos encarregados. ” (Olívola, Frei Felix de. Um Grande Brasileiro, página 67,1967)

O jornal A Verdade ficou satisfeitíssimo por ter obrigado Dom Vital a sair do silêncio e, para desafiá-lo, publicou uma lista, primeiramente, de todos os padres e cônegos filiados à Maçonaria e, posteriormente, uma segunda lista com os nomes dos presidentes, secretários e tesoureiros de Irmandades Religiosas que pertenciam às Lojas.

Dom Vital chamou um a um, tanto os clérigos como os leigos das Irmandades. Com caridade, explicou-lhes os erros da seita, as penas lançadas pelo Papa, pedindo-lhes que abandonassem a Maçonaria e prometendo-lhes o perdão. Muitos padres se arrependeram e duas Irmandades, como a maioria de seus membros era católica, obedeceram. Porém as outras Irmandades, em que a maioria dos integrantes fazia parte da Maçonaria, responderam com insultos e zombarias.

Em consequência, Dom Vital interditou as capelas de suas Irmandades. Uma delas, embora não imediatamente, interpôs um recurso à coroa contra o Bispo, conforme o código legislativo brasileiro da época.

Dom Vital, depois de receber pedidos para que retrocedesse de sua decisão sobre a questão religiosa, escreve um primeiro documento de resistência, uma carta:

“Exmo. Sr. Conselheiro,

Sinto em extremo ir perturbar a V. Ex.ª no meio a grave questão que, atualmente, se agita no meio deste meu querido rebanho. Estou em luta com a Maçonaria. Creia, porém V. Ex.ª que da minha parte houve menos imprudência que rigoroso dever de consciência.

A Maçonaria, talvez por acinte, publica jornais com os nomes de seus iniciados, declarando-os ao mesmo tempo membros das Irmandades religiosas: há respeitáveis maçons, diz ela, que nas lojas empunham o malhete de Venerável e nas Irmandades a vara de Juiz. Para que tamanha ostentação, senão para desmoralizar a Igreja e seus delegados que a condenam?

Sabe V. Ex.ª que na qualidade de Bispo da Igreja Católica não posso de modo algum permitir semelhante mistura nas corporações e Irmandades religiosas; porquanto o elemento maçônico é condenado por aquela Igreja da qual sou o representante, posto que imeritamente, máxime quando a maçonaria faz disto tanto alarde e tira argumentos contra o Prelado Diocesano.

Em virtude das Bulas de seis Pontífices Romanos, a Maçonaria está fulminada com pena de excomunhão maior em que incorrem ipso facto todos os seus filiados; e como tais não podem estes fazer parte de qualquer irmandade ou confraria.

Em consequência, instante e caridosamente, tenho exortado os membros das Irmandades que, por infelicidade, são maçons a que abjurem ou então se retirem. Os membros recusam, as Irmandades não querem eliminá-los de seu grêmio como deveriam e eu vou lançando interdito sobre as Irmandades.

Os maçons vão apelar para os altos poderes do Estado, porque as Bulas não receberam Beneplácito régio. Porém V. Exª bem sabe que o Beneplácito não é admitido e até é muito condenado pela Igreja. Tanto mais que na questão vertente o Sumo Pontífice declara formalmente dita excomunhão atingir a Maçonaria em todo e qualquer País, ainda mesmo naqueles em que está tolerada pelos Imperantes (Pio IX em sua declaração de 1865).

De modo algum me convém ceder nesta questão, porque seria transigir com a minha consciência, seria trair os direitos da minha missão, seria finalmente desmoralizar-me completamente. Estou, por conseguinte, disposto a todos os sacrifícios, contanto que fique salvo o direito da Igreja.

Tenho inteira certeza de que V.Exª como verdadeiro católico e como ministro de uma nação, cuja religião é a católica apostólica romana, apoiará o procedimento de um Bispo católico principalmente em questão de tão subido alcance para a religião e também para o Estado, creia-me V.Exª.

Repito a V.Ex.ª e asseguro-lhe que fui arrastado pelo dever ao qual eu não poderia faltar sem graves remorsos de consciência, e sem grande descrédito do meu caráter episcopal.

Fico orando para que o Altíssimo outorgue a V.Exª luz e força, e declaro-me, como sempre.

De V.Ex.ª

amigo fiel e criado mui grato

Frei Vital, Bispo de Olinda

Recife, 10 de janeiro de 1873 (Villaça, Antônio Carlos - História da questão religiosa no Brasil, 1974, p.37-38)

Do Papa Pio IX recebeu Dom Vital uma carta de nome Quamquam Dolores sobre a Maçonaria. A mesma o orientou como proceder e, ratificando todo o procedimento do Bispo, serviu de grande incentivo para Dom Vital.

Já em uma carta do Imperador D. Pedro II deste período, pode-se constatar seu posicionamento sobre a relação entre os poderes da Igreja e do Estado:

“ As relações entre os governos onde há católicos e a Santa Sé vão-se tornado difíceis. E eu não vejo outro remédio senão na vigilância dos governos, para não se deixarem invadir em suas atribuições. O direito do “placet” foi sempre reconhecido no Brasil e é mesmo um dos princípios da Constituição (…)” (Villaça, Antônio Carlos – História da questão religiosa no Brasil, 1974, p.71)

Em relação à questão religiosa, D. Pedro II se dizia penalizado e afirmava que o procedimento dos Bispos estava sujeito ao julgamento do Supremo Tribunal de Justiça, desejando que não ficasse impune tão grave ofensa à Constituição e às leis.

Assim, o Bispo de Olinda foi julgado e condenado à prisão, onde ficou por mais de um ano e meio. Posteriormente ao julgamento de Dom Vital, também foi julgado e preso Dom Macedo Costa, Bispo no Pará, que tinha o mesmo posicionamento que o prelado pernambucano.

Ao saber da situação, por uma carta escrita por Dom Vital, que se encontrava preso, Pio IX encaminhou também uma carta à D. Pedro II, na qual lhe solicitava que libertasse os Bispos que se achavam injustamente encarcerados, afirmando que, caso o Imperador atendesse o pedido, o Papa concederia a reabertura das igrejas, desde que se afastassem os maçons dos cargos que exerciam nas irmandades.

Entretanto ocorreu a queda do Ministério Rio Branco. D. Pedro II fez um apelo ao Duque de Caxias para que assumisse o novo ministério, o que o militar aceitou, com a condição de que os Bispos presos fossem anistiados. E assim os Bispos foram libertos, libertação foi intensamente comemorada e festejada por todos os católicos do Império Brasileiro e que pôs fim à questão religiosa, oficialmente.

Após sua libertação, Dom Vital foi a Roma, encontrar-se com Pio IX, levando-lhe relatórios sobre a real situação da Igreja Católica no Brasil. No segundo aniversário de sua prisão, Dom Vital celebrou a Santa Missa no Cárcere Mamertino, em Roma, onde estiveram presos São Pedro e São Paulo, e pediu coragem para os combates futuros.

Pio IX, nessa ocasião, mandou levantar o interdito lançado pelos Bispos do Pará e de Olinda, contra as igrejas de suas dioceses. O que foi aproveitado pela Maçonaria, que se jactava de que o Papa Pio IX, levantando os interditos, estava também deixando de condenar a Maçonaria brasileira, aproveitando para difamar Dom Vital. Esse erro de entendimento foi desfeito com a nova Carta Exortae in ista do Papa Pio IX aos Bispos do Brasil sobre a Maçonaria (Kloppenburg, D. Boaventura, A Maçonaria no Brasil, página 333-336), na qual, lamentando que os Bispos tenham sidos arrastados à luta pela seita, confirmou integralmente o Breve Quamquam Dolores e reafirmando que a Maçonaria não estava excluída da condenação.

Dom Vital regressou ao Brasil triunfante e, revestido de suas vestes pontificais, cercado pela multidão, caminhou em direção à Igreja de São Pedro, em Recife, para oTe Deum.

Por fim, com a saúde debilitada, Dom Vital acaba retornando à Europa, onde vem a falecer aos 33 anos de idade no convento capuchinho de Paris, no dia 4 de julho de 1878.

Seu processo de beatificação foi reaberto e está em andamento. Suspeita-se, que a causa da morte tenha sido envenenamento, o que caracterizaria um martírio. Seus restos mortais encontram-se na Basílica de Nossa Senhora da Penha na cidade de Recife.



Bibliografia

Villaça, Antônio Carlos, História da questão religiosa no Brasil, 1974, Livraria Francisco Alves Editora S. A,Rio de Janeiro, pag. 37;38;71;146.
Vieira, David Gueiros, O protestantismo, a Maçonaria e a Questão Religiosa no Brasil, Editora UnB, 1980, pag. 286;288.
Olívola, Frei Felix de,Um Grande Brasileiro, Imprensa Universitária 1967, pág. 67; 69.
Kloppenburg, D. Boaventura, A Maçonaria no Brasil, Ed. Vozes, 1956 pág.300; 333-336.
Anatalino, João, Conhecendo a Arte Real – a maçonaria e suas influências históricas e filosóficas, Editora Madras 2007, página 22
Papa Gregório XVI, Encíclica Mirari Vos,1832
Anatalino, João Gnose e Maçonaria – João Anatalino – Recanto das Letras http://www.joaoanatalino.recantodasletras.com.br/visualizar.php?idt=3874910
Caillet, Maurice – Yo fui Masón,Ed. Librolibres,2008, p.177
Dom Vital de Oliveira – http://www.domvitaldeoliveira.org/


Fonte: http://www.montfort.org.br/dom-vital-a-questao-religiosa-no-brasil-e-a-maconaria/

quinta-feira, 24 de março de 2016

LEITURA ESPIRITUAL

LEITURA ESPIRITUAL
 
  1. Onde quer que estejas, e para qualquer lado que te voltes, miserável serás, se não te convertes a Deus. Em tudo pondera o fim, e de que modo te apresentarás ante o rigoroso Juiz, a quem nada é oculto, que não se deixa aplacar com dádivas, nem admite desculpas, mas julgará segundo a justiça.Insensato e mísero pecador, que responderás a Deus que conhece os teus crimes, tu que tremes diante do vulto de um homem irado? Por que não te acautelas para o dia do juízo quando ninguém poderá ser escusado ou defendido por nenhum outro?Agora o teu trabalho é frutuoso, as tuas lágrimas são bem acolhidas, os teus gemidos são ouvidos, a tua dor é expiatória e meritória. 
  2. Aqui tem grande e salutar purgatório o homem paciente que, recebendo injúrias, mas se dói da maldade de quem lhe ofende, do que da própria ofensa; que de boa vontade ora pelos seus inimigos, perdoando no íntimo do coração os agravos; que não tarda em pedir a outros perdão; que mais facilmente se deixa levar á misericórdia do que à ira; que faz violência a si mesmo, esforçando-se por submeter a carne ao espírito.Melhor é purgar agora os pecados e extirpar os vícios, que deixá-los para serem extirpados na outra vida. Por certo nós mesmos nos enganamos pelo amos desordenado que temos à carne. 
  3. Que outra coisa devorará aquele fogo, senão os teus pecados? Quanto mais te poupas agora e segues os apetites da carne, tanto mais severamente serás depois atormentado, fazendo maior reserva de combustível para te queimar. No que mais tiveres pecado, nisso mais severamente serás castigado.Ali os preguiçosos serão incitados por aguilhões ardentes, e os gulosos serão atormentados com sede e extrema fome.Ali os impudicos e voluptuosos serão imersos em abrasado pez e fétido enxofre, e os invejosos uivarão como cães furiosos.  
  4. Não haverá nenhum vício que não tenha ali seu particular tormento. Os soberbos serão acabrunhados de toda a sorte de confusão e os avarentos reduzidos á misérrima penúria.Uma hora de suplício ali será mais insuportável que cem anos da mais rigorosa penitência aqui. Ali não há sossego nem consolação alguma para os condenados, enquanto aqui, às vezes, cessam os trabalhos e somos aliviados por amigos.Tem agora cuidado e dor dos teus pecados, para que, no dia do juízo, estejas seguro com os bem-aventurados. Porque então estarão os justos com grande confiança diante dos que os angustiaram e perseguiram. Então se levantará para julgar aquele que agora se sujeita humildemente ao juízo dos homens. Então terá muita confiança o pobre e humilde; não assim o soberbo que de todos os lados estremecerá de pavor. 
  5. Então se verá como fora sábio neste mundo, quem aprendera a ser menosprezado e tido por louco, por amor de Jesus Cristo. Então dará prazer toda tribulação, sofrida com paciência, e a iniqüidade será reduzida ao silêncio.Os que foram dados à piedade, se encherão de alegria, e os irreligiosos, de tristeza. A carne então mais se regozijará de ter sido mortificada, do que se fora sempre nutrida em delícias.Então resplandecerá a roupa vil e a vestimenta preciosa obumbrar-se-á. Então será mais exaltada a simples obediência do que toda a astúcia do século. 
  6. Então se alegrará mais a pura e boa consciência do que a filosofia dos sábios. Então se estimará mais o desprezo das riquezas, do que todos os tesouros dos ricos da terra. Então te consolarás mais de haver orado com devoção, do que haver comido com regalo. Então te aproveitarão mais as boas obras, do que as muitas e lindas palavras. Mais agradará então a vida austera e a rigorosa penitência, do que todas as delícias terrenas. Aprende agora a sofrer um pouco, para que possas livrar-te de coisas mais penosas. Experimenta, primeiramente aqui, o que poderás no outro mundo. Se agora tão pouco querer padecer, como poderás suportar tormentos eternos? Se agora o menor incômodo te torna tão impaciente, que fará então o inferno? Sem dúvida, não podes Ter duas venturas: deleitar-te aqui no mundo, e depois reinar com Jesus no céu. 
  7. Se até hoje sempre tivesses vivido em honras e deleites, que te aproveitaria, se agora mesmo tivesses de morrer? Vaidade tudo, pois, o que não for amar e servir somente a Deus.De certo os que amam de coração a Deus não temem a morte, nem o suplício, nem o juízo, nem o inferno, porque o perfeito amor tem segura entrada com Deus. Mas quem se deleita ainda em pecar, não admira que tema a morte e o juízo.Todavia, se não te desvias do mal pelo amor, convém ao menos que o faças pelo temor do inferno. Porém, aquele que despreza o temor de Deus, não poderá perseverar no bem, antes cairá muito depressa nos laços do demônio. 
  8. Que pode dar-te o mundo sem Jesus? Estar sem Jesus é terrível inferno; estar com Jesus é doce Paraíso. Estando Jesus contigo, nenhum inimigo te poderá ofender. Quem acha a Jesus, acha um grande tesouro, ou antes um bem superior a outro qualquer. Quem o perde, priva-se de muito mais do que de um mundo inteiro. Viver sem Jesus é reduzir-se à extrema pobreza: estar bem omo Jesus é tornar-se sumamente rico. Preferível é, pois, ter todo o mundo por inimigo que ofender a Jesus. 
  9. Confessarei, pois, contra mim mesmo a minha iniquidade, confessar-Vos-ei, Senhor, a minha fraqueza. Vede, Senhor, a minha fragilidade e abatimento que melhor conheceis que eu mesmo. Compadecei-Vos de mim e tirai-me dessa lama, para que não fique atolado e submerso.
  10. Ó fortíssimo Deus de Israel, zelador das almas fiéis, dignai-Vos olhar para os trabalhos e dores do vosso servo e assisti-lo em tudo. Robustecei-me de força celestial, para que não me vença e domine esta carne miserável, ainda rebelde ao espírito e contra a qual convém combater, enquanto vivemos neste desgraçado mundo.
 
(Imitação de Cristo I, 22, 24; II, 8; III, 20)

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

APELO DE MÉDICA ROMENA AO PAPA E BISPOS NO SÍNODO

Anca_Cernea1Fonte: LifeSiteNews – Tradução: Dominus Est
Dra. Anca-Maria Cernea, médica do Centro de Diagnóstico e Tratamento-Victor Babes e Presidente da Associação dos Médicos Católicos de Bucareste (Romênia) fez a seguinte apresentação ao Papa Francisco e aos bispos sinodais na sexta-feira:
“Sua Santidade, Padres Sinodais, irmãos e irmãs, eu represento a Associação dos Médicos Católicos de Bucareste.
Eu pertenço à Igreja Catolica Greco-Romena.
Meu pai era um líder político cristão, e foi preso pelos comunistas por 17 anos. Meus pais estavam prestes a se casar, mas seu casamento aconteceu 17 anos depois.
Minha mãe esperou todos esses anos pelo meu pai, embora ela nem sabia se ele ainda estava vivo. Eles foram heroicamente fieis a Deus e a seu compromisso.
O exemplo deles mostra que a graça de Deus pode superar as terríveis circunstâncias sociais e pobreza material.
Nós, como médicos católicos, defendendo a vida e a família, podemos ver que isso, antes de tudo, é uma batalha espiritual.
A pobreza material e o consumismo não são a causa principal da crise da família.
A principal causa da revolução sexual e cultural é ideológica.
Nossa Senhora de Fátima disse que os erros da Rússia se espalhariam por todo o mundo.
Tudo começou sob uma forma violenta, o marxismo clássico, matando dezenas de milhões.
Agora ele está sendo feito sobretudo pelo marxismo cultural. Há uma continuidade da revolução sexual de Lenin, através de Gramsci e a Escola de Frankfurt, e atualmente com os direitos gays e a ideologia do gênero.
 O  marxismo clássico pretendia redesenhar a sociedade, através da violenta tomada da propriedade.
Agora, a revolução é mais profunda; ela pretende redefinir a família, a identidade sexual e a natureza humana.
Essa ideologia se autodenomina progressista. Mas isso não é nada mais do que a oferta da antiga serpente, para que o homem assuma o controle, substitua a Deus, para providenciar a salvação aqui, neste mundo.
É um erro de natureza religiosa, é o Gnosticismo.
É tarefa dos pastores reconhecê isso e avisar o rebanho contra este perigo.
 “Buscai, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas”
A missão da Igreja é salvar almas. O mal, neste mundo, provém do pecado. Não da disparidade de renda ou “mudança climática”.
A solução é: Evangelização. Conversão.
Sem um crescente controle do governo. Sem um governo mundial. Estes são hoje os principais agentes que impoem o marxismo cultural em nossas nações, sob a forma de controle populacional, saúde reprodutiva, direitos dos homossexuais, a educação de gênero, e assim por diante.
O que o mundo necessita hoje em dia não é a limitação da liberdade, mas a verdadeira liberdade, a libertação do pecado. Salvação.
Nossa Igreja foi suprimida pela ocupação soviética. Mas nenhum dos nossos 12 bispos traiu sua comunhão com o Santo Padre. Nossa Igreja sobreviveu graças à determinação e exemplo de nossos bispos em resistir às prisões e o terror.
Nossos bispos pediram à comunidade para não seguir o mundo. Não cooperar com os comunistas.
Agora precisamos de Roma para dizer ao mundo: “Arrependam-se de seus pecados e voltem-se para Deus pois o Reino dos Céus está próximo”.
Não somente nós, leigos católicos, mas também muitos cristãos ortodoxos estão ansiosamente rezando por este Sínodo. Porque, como dizem, se a Igreja Católica ceder ao espírito deste mundo, vai ser muito difícil para todos os outros cristãos a resistir a ele.”

Fonte: http://catolicosribeiraopreto.com/apelo-de-medica-romena-ao-papa-e-bispos-no-sinodo/

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Os Reformadores Protestantes sobre Maria

Por Letras e Ciência

Quando os fundamentalistas estudam os escritos dos "reformadores" (ou fundadores de suas seitas particulares) sobre Maria, a Mãe de Jesus, eles encontrarão que os "reformadores" aceitavam quase que a maior parte da doutrina mariana e consideravam ser essas doutrinas tanto baseadas na Escritura quanto fundamentais para a Fé Cristã histórica.


Martinho Lutero:

Maria, a Mãe de Deus

Por toda a sua vida, Lutero manteve sem mudança a afirmação cristã histórica de que Maria era a Mãe de Deus: "Ela é corretamente chamada não somente de mãe do homem, mas também a Mãe de Deus... É certo que Maria seja a Mãe do Deus real e verdadeiro."1

Virgindade Perpétua

Novamente, por toda a sua vida, Lutero sustentava que a virgindade perpétua de Maria era um artigo de fé para todos os cristãos - e interpretava Gálatas 4,4 para significar que Cristo foi "nascido de uma mulher" sozinha.

É um artigo de fé que Maria seja Mãe do Senhor e ainda uma Virgem."2

A Imaculada Conceição

Ademais, novamente, a Imaculada Conceição foi uma doutrina que Lutero defendia até a sua morte (como confirmado pelos estudiosos luteranos como Arthur Piepkorn). Como Agostinho, Lutero viu um vínculo inquebrável entre a maternidade divina de Maria, a virgindade perpétua e a imaculada conceição. Embora a sua formulação da doutrina da Imaculada Conceição não fosse claramente nítida, ele sustentava que a alma dela fosse isenta do pecado desde o início:

"Mas a outra concepção, nomeadamente a infusão da alma, é piedosa e devidamente acreditada, foi sem qualquer pecado, de modo que, enquanto a alma estava sendo infundida, ela seria ao mesmo tempo limpada do pecado original e adornada com as dádivas de Deus para receber a santa alma desta maneira infusa. E, desta maneira, no mesmo momento em que ela começou a viver, ela estava sem todo pecado..."3

Assunção

Embora ele não tivesse feito disso um artigo de fé, Lutero disse sobre a doutrina da Assunção:

"Não pode haver dúvida de que a Virgem Maria esteja no céu. Como isso aconteceu, nós não sabemos."4

Honra a Maria

Apesar de seu criticismo incessante das doutrinas tradicionais da mediação e intercessão marianas, ao final Lutero continuou a proclamar que Maria deveria ser honrada. Ele fez disso um ponto a pregar nos dias de festa dela.

"A veneração de Maria está inscrita nas profundezas do coração humano."5

"Somente Cristo é para ser adorado?" Ou a santa Mãe de Deus não deve ser honrada? Esta é a mulher que esmagou a cabeça da Serpente. Ouça-nos. Porque o teu Filho não te nega nada."6 Lutero fez esta declaração em seu último sermão em Wittenberg em janeiro de 1546.


João Calvino

Tem sido dito que João Calvino pertenceu à segunda geração dos reformadores e certamente a sua teologia da dupla predestinação governou as suas visões sobre a doutrina mariana e toda a cristã. Embora Calvino não fosse profuso em seu louvor a Maria como Martinho Lutero, ele não negou a sua virgindade perpétua. O termo que ele usava mais comumente para se referir a Maria era "Virgem Sagrada".

"Isabel chamou Maria de Mãe do Senhor, porque a unidade da pessoa de Cristo em duas naturezas foi tal que ela poderia ter dito que o homem mortal produzido no ventre de Maria era ao mesmo tempo o Deus eterno."7

"Helvídio mostrou-se muito ignorante ao dizer que Maria teve diversos filhos, porque a menção é feita em algumas passagens dos irmãos de Cristo."8 Calvino traduziu "irmãos" neste contexto para significar primos ou parentes.

"Não pode ser negado que Deus ao escolher e destinar Maria para ser a Mãe de seu Filho lhe garantiu a mais alta honra."9

"Até este dia nós não podemos apreciar a bênção trazida a nós em Cristo sem pensar ao mesmo tempo naquilo que Deus deu como adorno e honra a Maria, em querê-la para ser a mãe de seu Filho unigênito."10


Ulrich Zwingli

"Foi-lhe dado o que não pertence à criatura, que na carne ela deveria gerar o Filho de Deus."11

"Eu firmemente acredito em Maria, de acordo com as palavras do evangelho, como uma Virgem pura que gerou para nós o Filho de Deus, e no parto e depois do parto para sempre permaneceu uma Virgem pura, intacta."12 Zwingli usou Êxodo 4,22 para defender a doutrina da virgindade perpétua de Maria.

"Eu estimo imensamente a Mãe de Deus, a sempre casta, imaculada Virgem Maria."13

"Cristo... nasceu da mais incontaminada Virgem."14

"Era justo que tal Filho santo tivesse uma Mãe santa."15

"Quanto mais a honra e o amor de Cristo cresce entre os homens, mais a estima e a honra dadas a Maria devem crescer."16


Poderíamos querer saber por que as afirmações marianas dos reformadores não sobreviveram no ensinamento de seus herdeiros - especialmente os fundamentalistas. Esta quebra com o passado não veio por nenhuma descoberta ou revelação nova. Os próprios reformadores (veja acima) tomaram uma posição benigna, justamente positiva, da doutrina mariana - embora eles rejeitassem a mediação mariana por causa de sua rejeição a toda mediação humana. Além do mais, enquanto havia alguns excessos na piedade mariana popular, a doutrina mariana como ensinada na época pré-reformista extraiu a sua inspiração do testemunho da Escritura e foi enraizada na Cristologia. A real razão para a quebra com o passado deve ser atribuída à paixão iconoclasta dos seguidores da Reforma e as consequências de alguns princípios de reforma. Ainda mais influente sobre a quebra com Maria foi a influência da Era do Iluminismo, a qual essencialmente questionou ou negou os mistérios de fé.

Infelizmente, os ensinamentos e as pregações marianas dos reformadores têm sido "acobertados" pelos seus mais zelosos seguidores - com consequências teológicas e práticas prejudiciais. Esta "cobertura" pode ser detectada mesmo na Chosen by God: Mary in Evangelical Perspective(Escolhida por Deus: Maria na Perspectiva Evangélica), uma crítica evangélica à Mariologia. Um dos contribuidores admite que "O mais notável para os protestantes modernos é a quase aceitação universal dos reformadores da virgindade contínua de Maria, e a sua relutância generalizada em declarar Maria uma pecadora". Então ele pergunta se é "uma providência favorável" que manteve esses ensinamentos marianos dos reformadores de serem "transmitidos às igrejas protestantes"!17 

O que é interpretado como "Providência" por um crítico mariano pode ser legitimamente interpretado como uma força de um tipo muito diferente por um cristão que reconheceu o papel de Maria no plano de Deus.



NOTAS

1 Martin Luther, Weimar edition of Martin Luther's Works, English translation edited by J. Pelikan [Concordia: St. Louis], volume 24, 107.

2 Martin Luther, op. cit., Volume 11, 319-320.

3 Martin Luther, Weimar edition of Martin Luther's Works, English translation edited by J. Pelikan [Concordia: St.Louis], Volume 4, 694.

4 [Martin Luther, Weimar edition of Martin Luther's Works (Translation by William J. Cole) 10, p. 268.

5 [Martin Luther, Weimar edition of Martin Luther's Works(Translation by William J. Cole) 10, III, p.313.

6 Martin Luther, Weimar edition of Martin Luther's Works, English translation edited by J. Pelikan [Concordia: St. Louis], Volume 51, 128-129.

7 John Calvin, Calvini Opera [Braunshweig-Berlin, 1863-1900], Volume 45, 35.

8 Bernard Leeming, "Protestants and Our Lady", Marian Library Studies, January 1967, p.9.

9 John Calvin, Calvini Opera [Braunshweig-Berlin, 1863-1900], Volume 45, 348.

10 John Calvin, A Harmony of Matthew, Mark and Luke (St. Andrew's Press, Edinburgh, 1972), p.32.

11 Ulrich Zwingli, In Evang. Luc., Opera Completa [Zurich, 1828-42], Volume 6, I, 639

12 Ulrich Zwingli, Zwingli Opera, Corpus Reformatorum, Volume 1, 424.

13 E. Stakemeier, De Mariologia et Oecumenismo, K. Balic, ed., (Rome, 1962), 456.

14 Ibid.

15 Ibid.

16 Ulrich Zwingli, Zwingli Opera, Corpus Reformatorum, Volume 1, 427-428.

17 David F. Wright, ed., Chosen by God: Mary in Evangelical Perspective (London: Marshall Pickering, 1989), 180.


Tradução de Marcos Zamith


Fonte: http://www.catholicapologetics.info/apologetics/general/mary.htm

segunda-feira, 24 de março de 2014

Maria não salva ninguém. Eu sei, e daí?

Na Internet, vejo uma figura do Padre Fábio de Melo em artigo evangélico, dando ênfase à afirmação do sacerdote: “Maria não salva ninguém, quem salva é Jesus Cristo”. Mas não há aí novidade alguma. É exatamente nisso que acreditamos como católicos e ponto. A doutrina católica jamais afirmou o contrário, ainda que coloque Nossa Senhora como corredentora, tendo ela parte fundamental na história da redenção como progenitora de Jesus.

Isso, de modo algum a coloca como salvadora da humanidade. Inferir que a consideramos assim é caricaturar nossa doutrina. Mas por que corredentora?

Seu "sim" foi imprescindível para que a salvação em Cristo ocorresse. Não é necessário ser versado na Bíblia para reconhecer em Maria a mulher a esmagar a cabeça da serpente no livro de Gênesis. Contraposição da desobediência de Eva, Maria acolheu seu chamado com alegria, mesmo que uma gravidez naquelas circunstâncias lhe pudesse custar a morte. Pela desobediência, Eva nos apartou da amizade com Deus. Pela obediência, Maria nos trouxe a reconciliação. Com razão, os antigos padres da Igreja a consideravam a nova Eva.

"Como por uma virgem desobediente foi o homem ferido, caiu e morreu, assim também por meio de uma virgem obediente à palavra de Deus, o homem recobrou a vida. Era justo e necessário que Adão fosse restaurado em Cristo, e que Eva fosse restaurada em Maria, a fim de que uma virgem feita advogada de uma virgem, apagasse e abolisse por sua obediência virginal a desobediência de uma virgem." (Santo Irineu de Lion, Adversus Haeresis)

"Entendemos que se fez homem por meio da Virgem, a fim de que o caminho que deu origem à desobediência instigada pela serpente fosse também o caminho que destruísse a desobediência. Eva era virgem e incorrupta; concebendo a palavra da serpente, gerou a desobediência e a morte. A Virgem Maria, porém, concebeu fé e alegria quando o anjo Gabriel lhe anunciou a boa nova de que o Espírito do Senhor viria sobre ela; a força do Altíssimo a cobriria com sua sombra, de modo que o Santo que dela nasceria seria o Filho de Deus. Então respondeu ela: 'Faça-se em mim segundo a tua palavra'. Da Virgem, portanto, nasceu Jesus, de quem falam as Escrituras"
 
 (Justino, Mártir - Diálogo com Trifão)

A Igreja Católica reserva para Maria um lugar de grande honra e a proclama mãe da Igreja, pois essa é Corpo Místico de Cristo, seu filho. Membros do próprio Cristo, partilhamos também essa maternidade. No entanto, afirmamos sem sombra de dúvida, que Maria é parte da criação. Ela não é Deus e, portanto, não é adorada entre nós.

Dispensamos aos santos uma veneração respeitosa que, em última instância é uma gloria dada ao próprio Cristo, uma vez que os santos renunciavam a si mesmos para viver em sua própria vida o Cristo vivo, como já afirmava São Paulo em Gálatas 2, 20a. Não significa uma adoração. Mas o reconhecimento dessa realidade cristológica presente na vida dos homens e mulheres que viveram a fé de maneira heróica. Veneramos respeitosamente os santos e adoramos o Cristo que neles habita. São eles ícones que apontam o Senhor, tal como os querubins sobre a Arca da Aliança indicavam o Deus que habitava entre eles.

Com relação a Maria, separamos uma veneração respeitosa ainda superior - chamamos de hiperdoulia - pois através de Nossa Senhora, a salvação veio ao mundo, Deus fez-se carne e habitou entre nós. É dela o sangue salvífico escorrido das veias do Cristo que, em suas naturezas - a divina e a humana - é um só e indivisível Deus. Cremos na pureza de Maria. Acreditamos que ela foi antecipadamente beneficiada pelos méritos da cruz de Cristo e por isso preservada do pecado original sendo, por isso, pura para receber Deus em seu ventre e colocá-lo na geração dos homens. Emprestou de si mesma a carne que compõe a natureza humana de Jesus. Mas ela mesma, uma criatura, tal como Eva, tal como Adão. Tal como nós.

"...corpo de Maria toda santa, sempre virgem, por uma concepção imaculada, sem conversão, e se fez homem na natureza, mas em separado da maldade: o mesmo era Deus perfeito, e o mesmo era o homem perfeito, o mesmo foi na natureza em Deus, uma vez perfeito e homem." (Santo Hipólito de Roma, Fragmentos 7)

“Assim, também, eles pregavam o advento de Deus em carne e osso para o mundo, seu advento pela impecável e mãe de Deus Maria no caminho do nascimento e crescimento, e a forma de sua vida e conversa com os homens, e sua manifestação por meio do batismo, e o novo nascimento, que era para ser para todos os homens, e a regeneração pela pia batismal” (Santo Hipólito de Roma, Discurso sobre o fim do mundo)

Se hoje recorremos a ela e aos santos, como intercessores junto a Deus – assim como evangélicos recorrem aos seus pastores e oram uns pelos outros - é porque cremos que ela e os santos estão diante do trono do Altíssimo, servindo dia e noite (Ap. 7, 15); 

Em que consiste esse serviço? Basicamente no amor. Esse que nunca perece, mas ficará após o fim de toda profecia, línguas e conhecimento. É nisso que consiste o serviço dos justos diante do altar. Amar a Deus e ao próximo. As duas dimensões indissociáveis do amor. Amar consiste em agir, portanto não é mero sentimento que pode manter-se inerte. Não há como amar sem que isso se traduza em um ato concreto, um mover-se na direção do objeto a que o amor se destina. Colocar-se a serviço.

Diante do altar de Deus, onde esse serviço ocorre, estão as taças com as nossas orações e elas são apresentadas a Deus. Eis o ato concreto de amor praticado pelos justos diante de Deus, enquanto estamos aqui na terra travando o bom combate.

É verdade, somos constantemente objetados de que deveríamos nos reportar diretamente a Deus, sem outro intermediário que não o Senhor Jesus Cristo, mas isso se tornaria uma objeção também para os protestantes que se reportam ao pastor, ou a um amigo. Se posso me reportar diretamente a Deus por Cristo, qual o sentido da oração pelo irmão? Por que devemos orar uns pelos outros, como aconselha São Tiago? A resposta é óbvia:

Somos um só corpo, temos que viver em comunidade e a cooperação na oração tem o propósito de evidenciar essa realidade. Mas, se o batismo nos une com os irmãos da nossa geração, nos une também com os irmãos de gerações passadas. O mesmo sinal – o batismo - que me une a Cristo, também uniu São Pedro, São Paulo e todos os cristãos ao longo da história. E, se não há morte senão a corporal, ainda estamos todos unidos pelos mesmos sinais e pelos mesmos propósitos. Somos uma mesma comunidade, perene como é perene o Corpo de Cristo, que venceu a morte. E é em Cristo que todo esse processo é mediado.

Nosso agir na Igreja, seja orando, seja confraternizando, seja ajudando é sempre cristológico. A motivação da fé e do ato do cristão é o Cristo propriamente dito. DEle nascem nossos anseios, nEle se concretizam e para Ele se destinam. A oração cristã passa pela mediação de Jesus, porque feita dentro da cosmologia nascida da Cruz. Assim, quando peço para um santo diante do trono de Deus – ou mesmo para um padre ou um bom cristão aqui na terra – que ore por mim, é ao próprio Cristo que peço. O Cristo do qual nos fazemos membros quando renunciamos a nós mesmos e deixamos que Cristo viva em nós. É a humanidade redimida se relacionando com Deus através do Cristo que nos abriu essa possibilidade. Sem Cristo, não haveria Igreja, não haveria salvação, não haveria santo ou amigo a quem eu pudesse recorrer como auxílio junto a Deus.

Jesus não é mero carteiro que envia mensagens ao Criador. A mediação tem a ver com ser Igreja e Igreja ser Cristo e todos nós sermos UM com Ele. Refere-se ainda antes disso, ao fato de que Ele é Deus e homem. O meio caminho entre o Criador do Universo e a Humanidade, antes separados e agora unidos. Jesus é homem que ama a Deus e Deus que ama o homem, tudo isso em uma só pessoa. Dessa realidade é que nasce a fé e a Igreja. E toda a ação dessa Igreja, das orações, da liturgia aos sacramentos, tudo é “com Cristo, por Cristo e em Cristo”. Nada, absolutamente, é feito fora dessa realidade, nem a intercessão dos santos.

Diante disso, resta a objeção do "sono" em que aparentemente jazem os mortos, defendido pelos protestantes desde os tempos de Lutero. Nós, católicos, não acreditamos nesse sono. Recorrerei a um texto de minha própria autoria feito há alguns anos para uma rede social:

Existem duas palavras para “sono” no Novo Testamento. A primeira é “katheudo”. É usada para sono natural, vinculada à perda de consciência. É usada 22 vezes, todas com esse sentido, à exceção de uma, a ressurreição da filha de Jairo. Jesus usa esse termo para mostrar que a morte dela duraria apenas o tempo de um sono.

A outra palavra é “koimaomai”, usada 18 vezes. Três delas se referem ao sono normal, como em Mateus 28, 13 e Lucas 22, 45. Em outras quinze vezes, ela é usada para ilustrar a morte corporal. O significado concreto da palavra “koimao” deriva do verbo “keimai” – deitar. Trata-se do aspecto do corpo após a morte. A palavra que é utilizada serve, na língua grega, como antônimo para o termo “anastásis” - ana (elevação); histemi (ficar ereto).

O que “deita” e depois “levanta” é o corpo e não a alma. Não foi a alma de Cristo que ressuscitou, mas seu corpo revestido de glória. Assim, o termo traduzido por sono atribuído à morte não passa de uma metáfora, nada mais que isso. Sendo assim, não há nenhuma passagem na Bíblia que sugira, de fato, que a alma permanece adormecida durante a morte. O termo usado não se refere à consciência, nem sequer à localização da alma dos que faleceram.

Já o caso contrário é plenamente verificável:

São Paulo, em 2Cor 5, trata dessa questão e afirma que ainda que percamos nossa “tenda terrestre” (o corpo – 2Cor 5, 1; 8), nossa alma (onde se encontra a consciência e a personalidade) parte para estar com o Senhor (2Cor 5, 8). Para que eu não seja acusado de usar essa passagem fora do contexto, é necessário compreender que São Paulo delimita duas mansões: a mansão como morada no Céu (v. 6) e a mansão do nosso corpo (v. 8).

Assim, se nós honramos Maria, não a adoramos. A reverenciamos como Mãe de Jesus Cristo. Mãe de Deus (Theotokos), pois Cristo é indivisível. Suas duas naturezas não são autônomas, mas partes de um todo.
A chamamos Rainha, pois é mãe de um Rei.

A chamamos nossa Mãe, porque somos membros de Cristo, seu filho. Porque não mais vivemos, mas Cristo vive em nós. Porque, se ela é Mãe da Cabeça, há de ser mãe do Corpo também.

A chamamos “senhora”, porque damos o respeito devido a ela como nossa mãe. Assim, se ela é mãe, é também senhora.

A chamamos corredentora porque parte indissociável do plano de salvação de Deus para conosco.

A chamamos Medianeira porque Jesus – o mediador – nos alcançou por intermédio do sim de Maria. (vide a diferença entre medianeira e mediadora).

E absolutamente todos esses títulos e  outros atribuídos a Nossa Senhora tem Jesus Cristo como vetor. Não fere, antes enaltece a soberania de Deus sobre nós. Tem como objetivo cumprir a honra devida à Nossa Senhora por todas as gerações.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Não-localidade: o conceito que destrói o materialismo


Por O. Braga

Antes de mais, vamos ter que saber o que é “materialismo”: é uma teoria segundo a qual a matéria é a única realidade existente – sendo que matéria é tudo o que tem massa e está sujeito à acção do espaço-tempo. Para os herdeiros ideológicos de Darwin (Karl Marx, Freud, Lenine, Estaline, Richard Dawkins, Peter Singer, etc.), a matéria é a realidade fundamental a partir da qual se explica a vida espiritual.

Podemos definir “não-localidade” como a possibilidade de dois objectos – por exemplo, dois fotões, ou dois electrões – comunicarem entre si de forma instantânea (em termos de tempo universal) e independentemente da distância a que se encontrem um do outro.

A não-localidade não é ficção científica: experiências científicas realizadas desde o princípio da década de 1980 (por exemplo, por Alain Aspect) confirmaram o fenómeno. Portanto, é certo e seguro que, em determinadas condições especificas, dois objectos podem comunicar entre si, de forma simultânea – ou seja, fora do espaço-tempo – e a uma distância que pode ser, por exemplo, de várias dezenas de milhões de anos-luz. Diz-se, então, que a comunicação entre esses dois objectos é efectuada “fora do cone-de-luz”.

A maioria da literatura generalista acerca da Física não menciona a não-localidade. O assunto continua a ser tabu, apesar das verificações e confirmações. E é tabu porque a não-localidade coloca em causa o materialismo – ou seja, coloca em causa o fundamento da Idade Moderna e do Positivismo.

A não-localidade significa que a realidade não se limita ao espaço-tempo; e isto coloca em causa toda a filosofia moderna desde Kant. Por exemplo, se o nosso cérebro é composto de electrões, então o nosso cérebro está também sujeito às mesmas leis que regem a não-localidade. O materialismo está morto.

Fonte: http://bordoada.wordpress.com/2013/08/28/nao-localidade-o-conceito-que-destroi-o-materialismo

A Matança Genocídio de Cristãos na Nigéria e o Silêncio da CNBB e do Vaticano


Extremistas muçulmanos recebem 98 reais por cada cristão morto.

Boko Haram faz Nigéria ser o país com maior índice de cristãos martirizados este ano por Jarbas Aragão Extremistas muçulmanos recebem 98 reais por cada cristão morto Extremistas muçulmanos recebem 98 reais por cada cristão morto Quanto vale a vida de um cristão?

Na Nigéria, muçulmanos pagam aos membros do Boko Haram, em média, 7. 000 nairas por cada cristão morto. Quantia que equivale a 98 reais no câmbio atual. O grupo cristão Jubilee Campaign têm feito graves denúncias sobre isso ao governo nigeriano, Mas o próprio presidente admitiu que não consegue controlar o exército do Boko Haram, o qual é sustentado e equipado pela Al-Qaeda.

Seu desejo manifesto é estabelecer um Estado Islâmico, governado pela sharia, em um país onde quase 50% da população professa a fé cristã. A região norte hoje é quase totalmente controlada pelos extremistas e onde ocorre a maioria dos assassinatos e ataques a igrejas. Embora recentemente a atenção da mídia esteja voltada para o massacre de cristãos na Síria, os números são imprecisos.

A rede de TV muçulmana Al Jazeera entrevistou recentemente Ibrahim Mohammed, um soldado do Boko Haram que está preso. Ele foi enfático: “Nós escolhemos pegar em armas contra as pessoas que não querem a sharia. Deus me pediu que lutássemos [contra elas]”. O repórter questionou sobre os outros muçulmanos e as crianças que acabaram mortas durante os ataques.

“Quem morre sendo inocente, não tem com o que se preocupar. Além disso, nós somos perdoados por Deus, pois é uma guerra santa [jihad]“. Massimo Introvigne, coordenador do Observatório da Liberdade Religiosa na Itália chamou atenção do mundo para essa situação no final do ano passado. “Estima-se que em 2012 morreram 105 mil cristãos por motivos religioso.

Ou seja, um morto a cada 5 minutos”, disse. Professor de sociologia e pesquisador do Vaticano, Introvigne explica que são tanto evangélicos, quanto católicos, ortodoxos e coptas. Para ele, as áreas de maior risco são as que possuem grupos muçulmanos jihadistas, que desejam implantar as leis islâmicas.

“As zonas de risco são muitas, mas podemos identificar basicamente três países onde é consequência do fundamentalismo islâmico: Nigéria, Somália, Mali”, disse.

O direito de praticar livremente a própria religião é um dos direitos fundamentais, reconhecido no artigo 18 da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Reconhecidamente é impossível uma estimativa precisa do martírio. Contudo, a ONG World Watch Monitor, que luta pelos direitos humanos, afirma que metade das pessoas mortas por motivos religiosos este ano viviam na Nigéria.

Com informações de Jubile e Campaign, Christianity Today e AINA

Fonte: http://homemculto.com/2013/09/16/a-matanca-genocidio-de-cristaos-na-nigeria-e-o-silencio-da-cnbb-e-do-vaticano/

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