Contra a verdade não temos poder algum; temo-lo apenas em prol da verdade. (II Coríntios 13,8)

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Próxima reunião

Próxima reunião marcada

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Data: 10.02.2008 (Domingo)

Hora: 9h manhã

Local: Casa do Gabriel
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Será tratado o tema "Leitura e interpretação da Bíblia".

OBS: Serão enviados artigos a cerca do tema para a lista de discussão e um artigo impresso será encaminhado para os que possuem domicílio em Manaus(AM) até o dia 01/02.

Contamos com a presença de todos.

Salve Maria!

Maiores informações:
Gabriel Leitão - gabriel.leitao at gmail dot com
Junio Freitas - juniofreitas at gmail dot com

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Audiência Geral - Busca da Verdade leva a Cristo


PAPA BENTO XVI

AUDIÊNCIA GERAL

Quarta-feira, 9 de Janeiro de 2008

Santo Agostinho (1)

Queridos irmãos e irmãs:

Depois das grandes festividades natalinas, quero voltar a meditar sobre os padres da Igreja e falar hoje do maior padre da Igreja Latina, Santo Agostinho: homem de paixão e de fé, de elevadíssima inteligência e de incansável entrega pastoral. Este grande santo e doutor da Igreja é conhecido, ao menos de nome, inclusive por quem ignora o cristianismo ou não tem familiaridade com ele, por ter deixado uma marca profunda na vida cultural do Ocidente e de todo o mundo.

Por sua singular relevância, Santo Agostinho teve uma influência enorme e poderia afirmar-se, por uma parte, que todos os caminhos da literatura cristã latina levam a Hipona (hoje Anaba, na costa da Argélia), localidade na qual era bispo e, por outra, que desta cidade da África romana, na qual Agostinho foi bispo desde o ano 395 até 430, partem muitos outros caminhos do cristianismo sucessivo e da própria cultura ocidental.

Poucas vezes uma civilização encontrou um espírito tão grande, capaz de acolher os valores e de exaltar sua intrínseca riqueza, inventando idéias e formas das quais se alimentariam as gerações posteriores, tal como sublinhou também Paulo VI: «Pode-se dizer que todo o pensamento da antiguidade conflui em sua obra e dessa se derivam correntes de pensamento que penetram toda a tradição doutrinal dos séculos posteriores» (AAS, 62, 1970, p. 426).

Agostinho é também o padre da Igreja que deixou o maior número de obras. Seu biógrafo, Posídio, diz: parecia impossível que um homem pudesse escrever tanto em vida. Em um próximo encontro falaremos destas obras. Hoje, nossa atenção se concentrará em sua vida, que pôde reconstruir-se com seus escritos, e em particular com as «Confissões», sua extraordinária biografia espiritual escrita para louvor de Deus, sua obra mais famosa.

As «Confissões» constituem, precisamente por sua atenção à interioridade e à psicologia, um modelo único na literatura ocidental, e não só ocidental, inclusive a não-religiosa, ate a modernidade.

Esta atenção pela vida espiritual, pelo mistério do eu, pelo mistério de Deus que se esconde no eu, é algo extraordinário, sem precedentes, e permanece para sempre como um «cume» espiritual.

Mas voltamos à sua vida. Agostinho nasceu em Tagaste, na província de Numídia, na África romana, em 13 de novembro de 354, filho de Patrício, um pagão que deopis chegou a ser catecúmeno, e de Mônica, fervorosa cristã.

Esta mulher apaixonada, venerada como santa, exerceu em seu filho uma enorme influência e o educou na fé cristã. Agostinho havia recebido também o sal, como sinal da acolhida no catecumenato. E sempre se fascinou pela figura de Jesus Cristo; e mais, diz que sempre amou Jesus, mas que se afastou cada vez mais da fé eclesial, da prática eclesial, como acontece também hoje com muitos jovens.

Agostinho tinha também um irmão, Navigio, e uma irmã, da qual desconhecemos o nome e que, após ficar viúva, converteu-se em superiora de um mosteiro feminino.

O rapaz, de agudíssima inteligência, recebeu uma boa educação, ainda que nem sempre foi estudante exemplar. De qualquer forma, aprendeu bem a Gramática, primeiro em sua cidade natal e depois em Madaura e, a partir do ano 370, Retórica, em Cartago, capital da África romana: chegou a dominar perfeitamente o Latim, mas não alcançou o mesmo nível em grego, nem aprendeu o púnico, língua que seus antepassados falavam.

Em Cartago, Agostinho leu pela primeira vez o «Hortensius», obra de Cícero que depois se perderia e que se marca no início de seu caminho rumo à conversão. O texto ciceroniano despertou nele o amor pela sabedoria, como escrevia já sendo bispo nas «Confissões»: «Aquele livro mudou meus sentimentos», até o ponto de que «de repente todas as minhas vãs esperanças envelheceram ante meus olhos e comecei a acender-me em um incrível ardor do coração por uma sabedoria imortal» (III, 4, 7).

Mas, dado que estava convencido de que sem Jesus não se pode dizer que se encontrou efetivamente a verdade, e dado que nesse livro apaixonante faltava esse nome, ao acabar de lê-lo começou a ler a Escritura, a Bíblia. Ficou decepcionado. Não só porque o estilo da tradução ao Latim da Sagrada Escritura era deficiente, mas também porque o mesmo conteúdo não lhe parecia satisfatório.

Nas narrações da Escritura sobre guerras e outras vicissitudes humanas, ele não encontrava a altura da filosofia, o esplendor da busca da verdade que lhe é próprio. Contudo, não queria viver sem Deus e buscava uma religião que respondesse a seu desejo de verdade e também a seu desejo de aproximar-se de Jesus.

Desta maneira, caiu na rede dos maniqueístas, que se apresentavam como cristãos e prometiam uma religião totalmente racional. Afirmavam que o mundo está dividido em dois princípios: o bem e o mal. E assim se explicaria toda a complexidade da história humana. A moral dualista também atraía Santo Agostinho, pois comportava uma moral muito elevada para os eleitos: e para quem, como ele, aderia à mesma era possível uma vida muito mais adequada à situação da época, especialmente se era jovem.

Tornou-se, portanto, maniqueísta, convencido nesse momento de que havia encontrado a síntese entre racionalidade, busca da verdade e amor a Jesus Cristo. E tirou uma vantagem concreta para sua vida: a adesão aos maniqueístas abria fáceis perspectivas de carreira. Aderir a essa religião, que contava com muitas personalidades influentes, permitia-lhe continuar sua relação com uma mulher e continuar com sua carreira.

Desta mulher teve um filho, Adeodato, a quem amava muito, sumamente inteligente, que depois estaria presente em sua preparação para o batismo no lago de Como, participando nesses «Diálogos» que Santo Agostinho nos deixou. Infelizmente, o rapaz faleceu prematuramente.

Sendo professor de Gramática, por volta dos vinte anos, em sua cidade natal, logo regressou a Cartago, onde se converteu em um brilhante e famoso professor de Retórica. Com o passar do tempo, contudo, Agostinho começou a afastar-se da fé dos maniqueístas, que o decepcionaram precisamente desde o ponto de vista intelectual, pois eram incapazes de resolver suas dúvidas, e se transferiu a Roma, depois a Milão, onde residia na corte imperial e onde havia obtido um cargo de prestígio, por recomendação do prefeito de Roma, o pagão Símaco, que era hostil ao bispo de Milão, Santo Ambrósio.

Em Milão, Agostinho se acostumou a escutar, em um primeiro momento com o objetivo de enriquecer sua bagagem retórica, as belíssimas pregações do bispo Ambrósio, que havia sido representante do imperador para a Itália do Norte. O retórico africano ficou fascinado pela palavra do grande prelado milanês, não só por sua retórica. O conteúdo foi tocando cada vez mais seu coração.

O grande problema do Antigo Testamento, a falta de beleza retórica, de nível filosófico, resolveu-se com as pregações de Santo Ambrósio, graças à interpretação tipológica do Antigo Testamento: Agostinho compreendeu que todo o Antigo Testamento é um caminho para Jesus Cristo. Deste modo, encontrou a chave para compreender a beleza, a profundidade inclusive filosófica do Antigo Testamento e compreendeu toda a unidade do mistério de Cristo na história, assim como a síntese entre filosofia, racionalidade e fé no Logos, em Cristo, Verbo eterno, que se fez carne.

Depois, Agostinho percebeu que a literatura alegórica da Escritura e a filosofia neoplatônica do bispo de Milão lhe permitiam resolver as dificuldades intelectuais que, quando era mais jovem, em seu primeiro contato com os textos bíblicos, haviam lhe parecido insuperáveis.

Agostinho continuou a leitura dos escritos dos filósofos com a da Escritura, e sobretudo das cartas de São Paulo. A conversão ao cristianismo, em 15 de agosto de 386, marcou portanto o final de um longo e agitado caminho interior, do qual continuaremos falando em outra catequese. O africano se mudou para o campo, ao norte de Milão, ao longo de Como, com sua mãe, Mônica, o filho Adeodato, e um pequeno grupo de amigos, para preparar-se para o batismo. Deste modo, aos 32 anos, Agostinho foi batizado por Ambrósio em 24 de abril de 387, durante a vigília pascoal na catedral de Milão.

Após o batismo, Agostinho decidiu regressar à África com seus amigos, com a idéia de levar vida em comum, de caráter monástico, ao serviço de Deus. Mas em Óstia, enquanto esperava para embarcar, sua mãe se enfermou e pouco depois morreu, destroçando o coração do filho.

Após regressar finalmente à sua pátria, o convertido se estabeleceu em Hipona para fundar um mosteiro. Nessa cidade da costa africana, apesar de resistir-se à idéia, foi ordenado presbítero no ano 391 e começou com alguns companheiros a vida monástica na qual estava pensando há algum tempo, dividindo seu tempo entre a oração, o estudo e a pregação.

Queria estar ao serviço da verdade, não se sentia chamado à vida pastoral, mas depois compreendeu que o chamado de Deus significava ser pastor entre os demais e assim oferecer o dom da verdade aos outros. Em Hipona, quatro anos depois, no ano 395, foi ordenado bispo.

Continuando com o aprofundamento no estudo das Escrituras e dos textos da tradição cristã, Agostinho se converteu em um bispo exemplar, com um incansável compromisso pastoral: pregava várias vezes por semana a seus fiéis, ajudava os pobres e os órfãos, atendia a formação do clero e a organização dos mosteiros femininos e masculinos.

Em pouco tempo, o antigo professor de Retórica se converteu em um dos expoentes mais importantes do cristianismo dessa época: sumamente ativo no governo de sua diocese, com notáveis implicações também civis, em seus mais de 35 anos de episcopado, o bispo de Hipona exerceu uma ampla influência na guia da Igreja Católica da África romana e mais em geral no cristianismo de sua época, enfrentando tendências religiosas e heresias tenazes e desagregadoras, como o maniqueísmo, o donatismo e o pelagianismo, que colocavam em perigo a fé cristã no único Deus e rico em misericórdia.

Agostinho se confiou a Deus cada dia, até o final de sua vida: contraiu febre, enquanto a cidade de Hipona se encontrava assediada há quase três meses por vândalos invasores. O bispo, conta seu amigo Posídio na «Vita Augustini», pediu que transcrevessem com letra grande os salmos penitenciais «e pediu que colassem as folhas na parede, de maneira que desde a cama em sua enfermidade pudesse ver e ler, e chorava sem interrupção lágrimas quentes» (31, 2). Assim passaram os últimos dias da vida de Agostinho, que faleceu em 28 de agosto do ano 430, sem ter completado 76 anos. Dedicaremos os próximos encontros a suas obras, à sua mensagem e à sua experiência interior.

[Tradução: Élison Santos. Revisão: Aline Banchieri]


O Papa saudou os peregrinos em língua portuguesa:

Saúdo com afeto no Senhor todos os ouvintes de língua portuguesa, em particular o grupo de brasileiros de Piracicaba do Estado de São Paulo.

Desejo a todos felicidades, com os auspícios de que levem de Roma uma consciência de Igreja mais clara, e a fé no seu divino Fundador, Jesus Cristo, mais viva e operante. E peço a Nossa Senhora que os proteja e aos que lhes são queridos, ao dar-lhes a Bênção.

Fonte: Zenite

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

“Católicas pelo Direito de Decidir” (quem são elas, o que fazem e onde estão)

Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz

Em 1970, o Estado de Nova Iorque aprovou uma lei que permitia o aborto por simples solicitação da gestante (“abortion on demand”) até o quinto mês da gravidez, não se exigindo sequer o domicílio em território estadual. Isso produziu uma avalanche surpreendente de gestantes provenientes de vários outros Estados americanos, principalmente dos da costa leste, à procura dos “serviços” de aborto de Nova Iorque, as quais retornavam logo em seguida para os seus Estados de origem. Essa lei foi um marco decisivo para que, em 1973, a Suprema Corte dos EUA, na célebre decisão Roe versus Wade, declarasse que o nascituro não é pessoa e que não tem direitos, impondo assim a legalidade do aborto a todo o território estadunidense.

Como a Igreja Católica se opusesse à lei abortista de Nova Iorque, três membros do grupo pró-aborto NOW (“National Organization for Women” – Organização Nacional para as Mulheres) fundaram em 1970 a organização CFFC (“Catholics For a Free Choice” - Católicas pelo Direito de Decidir). Seu primeiro ato público foi o de ridicularizar a Igreja Católica, coroando uma feminista, na escadaria da Catedral de São Patrício em Nova Iorque , com o título de papisa Joana I. A primeira sede das CFFC localizou-se em Nova Iorque , nas dependências da “Planned Parenthood Federation of América” (PPFA), a filial estadunidense da IPPF[1], e atualmente a proprietária da maior cadeia de clínicas de aborto da América do Norte.

Embora CFFC seja uma organização anticatólica, o nome “católica” é estratégico para confundir o público. O objetivo é infiltrar-se nas paróquias, nas dioceses, nas universidades católicas, nos meios de comunicação, nas casas legislativas a fim de dar a entender que é possível, ao mesmo tempo, ser católico e defender o direito ao aborto. Além do aborto, tais “católicas” defendem o uso de anticoncepcionais, o divórcio, as relações sexuais pré-matrimoniais, os atos homossexuais, o matrimônio de pessoas do mesmo sexo e todas as formas de reprodução artificial.

Quanto à liturgia, as CFFC assumem uma série de rituais e práticas da Nova Era: são devotas do ídolo feminista Sofia (a deusa Sabedoria) e compõem poesias em honra de Lúcifer. O aborto é tratado como um ato sagrado. São recitadas orações a “Deus Pai e Mãe” enquanto a mulher que está abortando é abençoada, abraçada e encorajada a salpicar pétalas de rosas. A ex-freira Diann Neu elaborou uma cerimônia pós-aborto, em que a mulher abre uma cova no jardim e deposita os restos mortais de seu bebê, dizendo: “Mãe Terra, em teu seio depositamos esse espírito”.

O maior obstáculo que os promotores do aborto têm encontrado no seio das Nações Unidas é a presença da Santa Sé, que é reconhecida como Observador Permanente. Em 1999, CFFC lançou a campanha See change (“mudança de sé”). O objetivo, até agora não atingido, é pressionar a ONU a fim de rebaixar o status da Santa Sé ao de simples organização não-governamental (ONG), como é a própria CFFC.

Por que atacar justamente a Igreja Católica?

Francis Kissling, que foi presidente da CFFC durante anos desde 1982, explica, em uma entrevista de setembro de 2002, porque a Igreja Católica é o alvo chave: “A perspectiva católica é um bom lugar para começar, tanto em termos filosóficos, sociológicos como teológicos, porque a posição católica é a mais desenvolvida. Assim, se você puder refutar a posição católica, você refutou todas as demais. OK. Nenhum dos outros grupos religiosos realmente tem declarações tão bem definidas sobre a personalidade, quando começa a vida, fetos etc. Assim, se você derrubar a posição católica, você ganha”.[2]

Financiamento

CFFC recebe vultosas doações de fundações de controle demográfico, entre elas: Fundação Ford, Fundação Sunnen, Fundação Mc Arthur e Fundação Playboy. Hoje a maior parte dos investimentos é destinada à promoção dos “direitos reprodutivos” na América Latina, ou seja, do direito ao aborto, à esterilização e à anticoncepção.

Em 1987, CFFC criou uma filial latino-americana em Montevidéu, Uruguai, com o nome de “Católicas pelo Derecho a Decidir”. Em língua espanhola foi publicado um livro sarcástico intitulado “Y Maria fue consultada para ser madre di Dios”, que apresenta Nossa Senhora como símbolo do “direito de decidir” sobre a prática do aborto. Em 1993 foi criada em São Paulo a filial brasileira, com o nome “Católicas pelo Direito de Decidir” (CDD).

Onde elas estão?

Recentemente, as Católicas pelo Direito de Decidir (CDD) transferiram-se para a Rua Sebastião Soares de Faria, n.º 56, 6º andar, São Paulo, isto é no mesmo prédio da sede do Regional Sul 1 da CNBB, que ocupa o 5º andar. O fato tem gerado perplexidade, uma vez que, além de usarem o nome de “católicas”, elas agora compartilham o mesmo edifício usado pelos Bispos. Na verdade, o prédio não pertence à CNBB, mas à Ordem Carmelita (Província de Santo Elias). Mas a perplexidade permanece: como uma Ordem de frades católicos pode alugar um imóvel para uma organização abortista?

As CDD e a Campanha da Fraternidade 2008

Na segunda quinzena de dezembro de 2007, as livrarias católicas puseram à venda um DVD produzido pela Verbo Filmes, trazendo na capa o cartaz da Campanha da Fraternidade 2008, com o lema “Escolhe, pois, a vida”, o tema “Fraternidade e defesa da vida” e o logotipo da CNBB. O que deixou os militantes pró-vida estupefatos foi a participação da Sra. Dulce Xavier, membro das CDD, no bloco IV do vídeo (“Em defesa da vida: pontos de vista”), com uma fala de cinco minutos, criticando a Igreja Católica por não aceitar a anticoncepção, e defendendo a realização do aborto pela rede hospitalar pública para preservar “a vida das mulheres”. A inserção das “católicas” no vídeo tinha sido feita sem a autorização da CNBB, que, quando soube da notícia, exigiu o recolhimento dos DVDs. A Verbo Filmes fez então uma outra edição, desta vez sem a fala das CDD. No entanto, até a data da edição deste jornal, podia-se encontrar no sítio da Verbo Filmes (www.verbofilmes.org.br) a descrição do conteúdo do DVD, ainda com a participação das Católicas pelo Direito de Decidir.

É mais do que urgente que a CNBB emita uma nota oficial sobre as CDD, à semelhança do que fez a Conferência Episcopal dos Estados Unidos, conforme transcrevemos a seguir.

DECLARAÇÃO DA CONFERÊNCIA NACIONAL
DOS BISPOS CATÓLICOS DOS ESTADOS UNIDOS (NCCB), de 10/05/2000

Por muitos anos, um grupo autodenominado “Católicas pelo Direito de Decidir” (Catholics for a Free Choice — CFFC), tem publicamente defendido o aborto ao mesmo tempo em que diz estar falando como uma autêntica voz católica. Esta declaração é falsa. De fato, a atividade do grupo é direcionada para rejeitar e distorcer o ensinamento católico sobre o respeito e a proteção devida à defesa da vida humana do nascituro indefeso.

Em algumas ocasiões a Conferência Nacional dos Bispos Católicos (NCCB) declarou publicamente que a CFFC não é uma organização católica,

não fala pela Igreja Católica, e de fato promove posições contrárias ao magistério da Igreja conforme pronunciado pela Santa Sé e pela NCCB.

CFFC é, praticamente falando, um braço do “lobby” do aborto nos Estados Unidos e através do mundo. É um grupo de pressão dedicado a apoiar o aborto. É financiado por algumas poderosas e ricas fundações privadas, principalmente americanas, para promover o aborto como um método de controle de população. Esta posição é contrária à política existente nas Nações Unidas e às leis e políticas da maioria das nações do mundo.

Em sua última campanha, CFFC assumiu um esforço concentrado de opinião pública para acabar com a presença oficial e silenciar a voz moral da Santa Sé nas Nações Unidas como um Observador Permanente. A campanha de opinião pública tem ridicularizado a Santa Sé com uma linguagem que lembra outros episódios de fanatismo anticatólico que a Igreja Católica sofreu no passado.

Como os Bispos Católicos dos Estados Unidos têm afirmado por muitos anos, o uso do nome “Católica” como uma plataforma de apoio à supressão da vida humana inocente e de ridicularização da Igreja é ofensivo não somente aos católicos, mas a todos que esperam honestidade e franqueza em um discurso público. Declaramos outra vez com a mais forte veemência: “Por causa de sua oposição aos direitos humanos de alguns dos mais indefesos membros da raça humana, e porque seus propósitos e atividades contradizem os ensinamentos essenciais da fé católica,... Católicas pelo Direito de Decidir não merece o reconhecimento nem o apoio como uma organização católica” (Comitê Administrativo, Conferência Nacional dos Bispos, 1993).[3]

Bibliografia consultada:

CLOWES, Brian. Mulheres católicas pelo direito de decidir. In: PONTIFÍCIO CONSELHO PARA A FAMÍLIA. Lexicon: termos ambíguos e discutidos sobre família, vida e questões éticas. São Paulo: Escolas Profissionais Salesianas, 2007. p. 659-668.

HUMAN LIFE INTERNATIONAL. “Católicas pelo direito de decidir” sem máscaras: idéias sórdidas, dinheiro sujo. Tradução de Teresa Maria Freixinho. Brasília: Associação Nacional Pró-Vida e Pró-Família, 2000.

SCALA, Jorge. IPPF: a multinacional da morte. Anápolis: Múltipla Gráfica, 2004. p. 227-228

Roma, 4 de janeiro de 2008.

Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz
Presidente do Pró-Vida de Anápolis



[1] IPPF - International Planned Pareenthood Federation (Federação Internacional de Planejamento Familiar), conhecida como “a multinacional da morte”, com sede em Londres e filiais em 180 países.

[2] Kissling , Frances . Interview by Rebecca Sharpless. Audio recording, September 13– 14, 2002. Population and Reproductive Health Oral History Project, Sophia Smith Collection. Disponível em: <http://www.smith.edu/libraries/libs/ssc/prh/transcripts/kissling-trans.html>. Condensado em português disponível em:

[3] Disponível em . Original inglês disponível em .

Fonte: http://www.providaanapolis.org.br/index1.htm

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Cartas sobre Fé - Terceira Carta


Leia também: -----------------------------------------------

Por Pe. Emmanuel-André.


COMO A FÉ É UM DOM DE DEUS

A Fé é um dom de Deus. Hoje gostaria de fazer com que a senhora compreendesse ainda melhor a natureza íntima deste dom precioso.

Adão o teria recebido de Deus e nos teria transmitido, se ele não tivesse pecado; mas tendo acreditado em Eva e, por Eva, em Satã mais do que em Deus, perdeu a Fé que Deus lhe havia dado, perdendo-a para ele e para nós (Adão pôde conservar o hábitus da Fé; mas perdeu a Fé enquanto virtude informada pela Caridade; e este hábitus não era transmissível à sua descendência, pois era uma disposição pessoal de sua alma). Por sua vez, quando o filho de Adão entra neste mundo já não tem mais Fé e só pode recupera-la se esta for dada pelo próprio Deus.

A Igreja reza para pedir a Deus a Fé para os infiéis e o aumento de Fé para os fiéis, de modo que o começo, o aumento e a conservação da Fé nas almas, são pura e simplesmente um dom que Deus nos dá pelos méritos de nosso único Senhor e Salvador Jesus Cristo.

Mas chego agora ao ponto que tinha prometido abordar hoje: a natureza íntima deste dom.

A Fé é um ato em parte da inteligência que crê, e em parte da vontade que quer crer. Ao perguntarem se a Fé é um dom de Deus do lado da inteligência que crê ou do lado da vontade que quer crer, é preciso responder que há um dom de Deus na inteligência e um dom na vontade.
Pois para o que concerne à inteligência é preciso notar duas coisas: primeiramente as verdades em que devemos crer estão tão acima do espírito humano, que este nunca poderia atingi-las naturalmente. Assim, o adorável mistério da Santíssima Trindade, as profundezas da sabedoria de Deus na Encarnação de Nosso Senhor, a Redenção e a salvação dos homens, sem o dom da Fé, seriam para sempre tesouros escondidos às inteligências humanas. Em segundo lugar, além do ministério da Igreja ensinando essas sublimes verdades, é necessário ainda para que nós creiamos, uma graça interior que clareie nossa inteligência e a faça receber com docilidade a palavra da Fé, a Fé falada, como dissemos antes.

Com efeito, por assim dizer, o espírito humano imaginaria ter motivos para ver na pregação evangélica uma tolice, se não fosse animado por uma sabedoria superior, como nos diz São Paulo nos capítulos I e II da sua primeira Epístola aos Coríntios.

Do ponto de vista da vontade, a Fé, ainda uma vez, é um dom de Deus. Pois, para que a vontade humana se submeta humildemente, docilmente e alegremente à verdade divina e leve a inteligência a dar seu pleno consentimento a esta mesma verdade, esta vontade tão frágil precisa de um socorro divino que a arrebate à sua própria fraqueza, e a ponha em conformidade com a vontade de Deus.

Faço questão de confirmar estas sérias doutrinas, pelas próprias orações da Igreja. Escolhi para esse fim as orações da Sexta-feira Santa, que são cantadas depois da Paixão.

O padre proclama: «Oremos caríssimos irmãos pela Santa Igreja de Deus». Depois reza:

«Deus eterno e onipotente que em Jesus Cristo haveis revelado a vossa glória às nações, conservai a obra da vossa misericórdia, para que a vossa Igreja espalhada por todo o mundo persevere com fé constante na confissão do vosso nome. Pelo mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor».

A senhora já se associou de coração a esta prece para pedir a Deus que a Igreja persevere na Fé?

Mais adiante, o padre proclama ainda:

«Oremos também pelos nossos catecúmenos, para que Deus Nosso Senhor lhes abra os ouvidos do coração e a porta da misericórdia!».

Quer dizer: os disponham para ouvir, para querer crer e lhes dê em seguida, por sua misericórdia, o dom da Fé.

Depois ele reza:

«Deus eterno e onipotente, que sem cessar fecundais a vossa Igreja pelo nascimento de novos filhos, dai mais Fé e inteligência aos nossos catecúmenos, para que renascidos na fonte do batismo, sejam contados no número de vossos filhos adotivos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo».

O padre proclama outra vez: «Oremos também pelos heréticos e pelos cismáticos».

Depois ele reza:

«Deus eterno e onipotente que a todos salvais e não quereis que pereça ninguém, olhai com misericórdia para as almas que andam envolvidas nas redes do demônio, para que os corações extraviados, abjurando a perversidade da heresia, entrem no caminho reto e voltem à luz da verdade. Por Nosso Senhor Jesus Cristo». [A versão em português das orações da Sexta-feira Santa foram tiradas do Missal Quotidiano e Vesperal de Dom Gaspar Lefebvre O.S.B., Desclée de Brouwer & Cia. - Bruges Bélgica 1951].Ele reza também pelos pérfidos judeus [per-fides= os que se transviaram da fé] e pelos infelizes pagãos, e para todos esses ele implora o dom da Fé.Penetre, peço-lhe, no espírito dessas orações as mais santas, as mais antigas, as mais suplicantes que pertencem à Igreja; e então, compreendendo melhor do que nunca como a Fé é um dom de Deus, a senhora dirá bem o seu Credo.

Continua...

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Sermão de Todos os Santos (11 de 11)

XI

Temos visto como em todos os estados, em todos os ofícios e em todas as fortunas podemos alcançar a maior fortuna de todas, que é ser santos; temos visto que o instrumento necessário para ser santos é só e unicamente o coração, contanto que seja puro e limpo; só resta para complemento da facilidade com que vos prometi que todos podemos ser santos, declarar quão facilmente podem todos conseguir esta mesma limpeza. A limpeza do coração consiste em estar limpo de pecados, e não há nenhum pecador, por grande que seja, que não possa conseguir esta limpeza de coração tão breve e tão facilmente que, se entrou nesta igreja pecador, não possa sair dela santo. Presentou-se a Cristo um leproso, e pondo-se de joelhos: genu flexo, disse assim: Domine, si vis, potes me mundare (Mt. 8,2 s): Senhor, se quereis, bem me podeis alimpar desta lepra. — Respondeu o Senhor: Vo lo, mundare: Quero, sê limpo — e no mesmo ponto ficou limpo daquele tão feio e tão asqueroso mal: Et confestim mundata est lepra ejus. Pode haver maior brevidade, pode haver maior facilidade de conseguir a limpeza? Parece que não. Pois eu vos digo, e é de fé, que muito mais breve e muito mais facilmente podeis conseguir a limpeza de coração se o mesmo coração quiser. A lepra do coração, mais feia, mais imunda e mais asquerosa que a do corpo é o pecado. E para que vejais quanto mais fácil e mais brevemente se consegue a limpeza desta lepra, ponhamos o mesmo leproso que Cristo curou, à vista de um coração também leproso pelo pecado, e veremos qual consegue a limpeza com maior facilidade.

Estava leproso o coração de Davi, não outro, senão aquele coração de quem ele disse com os mesmos termos do nosso texto: Cor mundum crea in me, Deus (12). E estava tão penetrado da lepra, que havia já um ano que perseverava no pecado, quando o exortou o profeta Natã a que considerasse o estado miserável de sua consciência, e se convertesse de todo coração a Deus, de quem vivia tão esquecido. Fê-lo assim Davi, mas que fez? Somente disse: Peccavi (2 Rs. 12,13): Pequei, — e não tinha bem pronunciado esta palavra quando o profeta lhe disse que já estava perdoado e restituído à graça de Deus: Dominus quoque transtulit peccatum tuum (13). Comparai-me agora a Davi com o leproso, e vede qual conseguiu a limpeza da lepra mais fácil e mais brevemente. O leproso pôs-se de joelhos: genu flexo e Davi não se ajoelhou; o leproso disse cinco palavras: Si vis, potes me mundare, — Davi não disse mais que uma: Peccavi; e com tudo isto o leproso não tinha ainda conseguido a limpeza, antes estava duvidoso dela: Se vis; e Davi já tinha conseguido e estava certificado disso da parte do mesmo Deus: Dominus quoque transtulit peccatum tuum. Logo, muito mais fácil e muito mais brevemente conseguiu o coração de Davi a limpeza da sua lepra, do que o leproso a da sua. Mas quando o conseguiu o leproso? Quando Cristo lhe respondeu: Volo, mundare: Quero, sê limpo. — Agora vos peço eu que me respondais a mim, e eu vos prometo que com a vossa resposta ficarão limpos os vossos corações ainda mais brevemente que o leproso com a resposta de Cristo, porque a resposta de Cristo comunicou a limpeza ao leproso com duas palavras, e a vossa resposta há de comunicar a limpeza aos vossos corações só com uma sílaba. Respondei, pois, cristãos, ao que vos pergunto. Não vos pesa muito de ter ofendido a um Deus de infinita majestade e bondade, por ser ele quem é? Não vos pesa e vos arrependeis entranhavelmente de ter sido ingratos a um Deus que vos criou, e vos deu o ser, e vos remiu com seu sangue? Não detestais de todo coração todos vossos pecados, por serem ofensas suas? Não tendes nesta hora firmes propósitos de nunca mais o ofender? Sim? Pois este sim, dito de todo coração, basta para que o mesmo coração fique e esteja já limpo de todos seus pecados; e esse sim, sendo uma só sílaba, fez nos vossos corações o mesmo efeito, e mais maravilhoso ainda, que as palavras de Cristo no leproso.

Pois, se na limpeza do coração consiste o ser santos, e esta limpeza de coração se pode conseguir tão facilmente só com um movimento do mesmo coração, que coração haverá tão fraco, ou que homem de tão fraco e de tão pouco coração que não se resolva a ser santo? Se o ser santo fora uma coisa muito dificultosa, bem nos merecia o céu e a bem-aventurança que, pela gozar eternamente, se venceram todas as dificuldades. Mas é tão fácil que, sem vos bulir do lugar onde estais, e sem mover pé nem mão, nem fazer ou padecer coisa alguma, só com um ato do coração, e o ato mais natural, mais fácil e mais suave do mesmo coração, que é amar, e amar o sumo bem, podemos ser santos. Exorta Moisés a amar a Deus de todo coração, que é o mandamento em que se encerram todos, e conclui assim. Mandatum hoc non supra te est, neque procul positum (Dt. 30, 11): Este mandamento não é sobre nós, nem está longe de nós. — Se fora sobre nós e estivera lá no céu: In caelo situm (Ibid. 12), tê-lo-íamos por impossível; se estivera longe de nós, e com muito mar em meio: Trans mare positum (Ibid. 13), tê-lo-íamos por muito dificultoso. Mas é muito fácil e está muito perto, porque está o cumprimento dele dentro do nosso coração: Sed juxta te est sermo valde in corde tuo (14). Moisés, que não prometia o céu, disse que estava perto de nós o cumprimento deste preceito; mas Cristo, que promete o céu, ainda disse mais e melhor, porque diz que o preceito, e o céu, e o merecimento dele não só está perto de nós, senão dentro de nós: Regnum Dei intra vos est (15). Cuidamos que o céu, onde subiram os santos, está muito longe, e enganamo-nos: o céu não está longe, senão muito perto, e mais ainda que perto, porque está dentro de nós, e dentro do que está mais dentro, que é o coração. E que haja almas, e tantas almas, que tendo o céu dentro de si na vida, fiquem fora do céu na morte, e que podendo tão facilmente purificar o coração e ser santas, só porque não querem o não sejam? Se para amar a Deus e ganhar o céu houvéramos de atravessar os mares tormentosos e contrastar com todos os elementos, pouco era que se fizesse pela bem-aventurança certa do céu o que tantos fazem por tão pequenos interesses da terra; mas, tendo-nos Cristo tão facilitada a bem-aventurança, que entre a mesma bem-aventurança e o coração não haja mais que a condição de ser limpo: Beati mundo corde, e, podendo o mesmo coração alcançar essa limpeza em um instante de tempo e com um ato de amor, e de amor ao sumo bem, que não sejamos todos santos, e não queiramos ser bem-aventurados?

Quero acabar esta admiração com um ai de S. Bernardo, pregando neste mesmo dia aos seus religiosos, o qual a eles e a todos pode servir de exemplo e de confusão: Beati mundo corde, quoniam ipsi Deus videbunt: Beati plane, et omnino beati qui videbunt, in quem desiderant Angeli prospicere. Tibi dixit cormeum, exquaesivit te facies mea, faciem tuam, Domine, requiram. Quid enim mihi est in caelo, et a te quid volui super terram? Defecit caro mea et cor meum, Deus cordis mei et pars mea, Deus in aeternum: quando adimplebis me laetitia cum vultu tuo? Vae mihi ab immuditia cordis mei, qua impedien te, nedum mereor ad beatam illam visionem admitti. Quer dizer: Bem-aventurados os limpos de coração, e verdadeiramente bem-aventurados, porque eles verão aquela face divina, a qual os anjos sempre estão vendo e sempre estão desejando ver. A vós, Senhor, diz o meu coração: Nenhuma coisa desejo, senão ver-vos de face a face, porque nenhuma outra há para mim, nem na terra nem no mesmo céu. Desmaia o meu coração nas ânsias deste desejo, porque só o Deus do meu coração é o único e todo o bem que o pode satisfazer. E quando chegará aquela ditosa hora em que, com a vista de vosso rosto, fique satisfeito? Mas, ai de mim — diz Bernardo — que pela pouca limpeza de meu coração — quero-o dizer com as suas próprias palavras — ai de mim, que a impureza e imundícia de meu coração me impede e faz indigno de ser admitido àquela bem-aventurada vista! Vae mihi ab immunditia cordis mei, qua impediente, nedum mereor ad beatam illam visionem admitti. Se isto dizia de si um coração tão puro, um coração tão santo, um coração tão elevado, tão estático, tão seráfico e tão abrasado no amor divino, se isto dizia no coração de Bernardo a humildade, que dirá noutros corações a verdade? Se o corpo estiver no claustro, e o coração no mundo? Se o coração, depois de se dar a Deus, estiver sacrificado ao ídolo? Se o coração, que devera estar cheio de caridade e amor de Deus, estiver ardendo em amor que não é caridade? Se as palavras, que saem do coração, e os pensamentos, que não saem, forem envoltos em impureza? Ai de tal coração e de quem o tem: Vae mihi ab immunditia cordis mei! Este vae e este ai de São Bernardo em dia de Todos os Santos, fique por matéria de meditação a todos os que o querem ser. Advirtam, porém, e tenham por certo, que se este ai de conhecimento e temor se converter em ai de dor, em ai de pesar, em ai de verdadeiro e firma arrependimento, esse mesmo ai, dito de todo coração, com ser uma só silaba — como dizia — bastará para purificar de tal sorte o mesmo coração que, sendo nesta vida santificado por graça, mereça ser na outra beatificado por glória: Beati mundo corde.

Notas:
(12) Cria em mim, ó Deus, um coração puro (Sl. 50,12)

(13) Também o Senhor transferiu o teu pecado (2 Rs. 12,13).

(14)Mas esta palavra está muito perto de ti, no teu coração (Deut. 30,14).

(15) O reino de Deus está dentro de vós (Lc. 17,21).


Fonte:
http://www.cce.ufsc.br/~nupill/literatura/BT2803025.html

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Emoção, Fé e Razão

Feliz ano novo a todos! Que saibamos seguir o caminho de Cristo, por mais tortuoso, amargo e difícil que seja, saibamos seguir o caminho de Cristo! Vamos carregar nossa cruz em busca da Verdade!

A abaixo um texto que fala sobre a distinção entre emoção de Fé e Razão. Muito mal interpretadas nos dias de hoje.

Grupo de Estudo Veritas - Fides et Ratio.

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Por Carlos Ramalhete

Hoje em dia, infelizmente, há muitas pessoas que deixam de lado a Razão, o raciocínio, e preferem confiar em seus fracos sentidos e emoções. Ora, isso já é perigoso para o corpo - afinal é apenas o raciocínio que nos leva a saber que uma arma apontada para nós é perigosa, já que nossos sentidos e emoções não nos mostram o perigo que ela apresenta - mas é muito mais perigoso para a alma.

Muitas pessoas, assim, passaram, infelizmente até mesmo em meios católicos, a expressar e crer de modo totalmente emocional, sem dar ouvidos à Razão que Deus nos deu para que possamos crer. Creio para entender e entendo para crer, dizia Santo Agostinho. Muitas pessoas procuram na Religião não a Salvação, a Verdade, a Vida Eterna, mas apenas sensações agradáveis, emoções que as façam sentir-se bem consigo mesmas.

Disse o Senhor: "Eu te instruirei, e ensinar-te-ei o caminho que deves seguir; ... não queiras ser como o cavalo e o mulo sem entendimento" (Sl. 31,8-9). Nosso dever de cristãos é procurar entender, aprender o que a Igreja que Cristo mandou ensinar a todos os povos (Mc 16,15), usar a inteligência que Deus nos deu e não ser "como o cavalo e o mulo", que nada compreendem e vivem apenas em busca do que seus sentidos dizem ser bom.

Esta busca da emoção, do sensível (aquilo que percebemos por nossos sentidos), é algo que pode trazer problemas enormes para uma pessoa bem intencionada. A Fé edificada sobre a emoção não é Fé verdadeira, mas mera busca de recompensa rápida, tão pouco profunda e tão ineficiente quanto a caminhada do burrico atrás da cenoura que seu mestre mantém pendurada adiante dele para que ele não pare de caminhar.

Isso acontece freqüentemente em Grupos e Oração e Encontros, em que as pessoas são levadas a um estado emocional perturbador, que acreditam ser Deus agindo nelas. Este estado, porém, não é um estado permanente, mas uma mera excitação nervosa que seria provocada de modo muito similar se estivessem assistindo a um espetáculo não-religioso. O problema, porém, é que para estas pessoas, isso é a Fé, isto é a Religião. A Religião, para elas, resume-se em um estado de espírito agradável, em uma sensação que forçosamente um dia irá passar. Elas tomam uma experiência emocional por uma revelação, e um estado emocional pela Graça de Deus.

Ora, este estado passará. Mais cedo ou mais tarde, coisas desagradáveis virão a ocorrer, e estas pessoas não estarão preparadas para elas. Na vida cotidiana, nos pequenos problemas encontrados ao longo do caminho, elas vão ver obstáculos enormes, e no fim daquela exultação emocional verão o fim de sua "fé", edificada não sobre Cristo, mas sobre suas emoções passageiras.

O que é a Fé? Ter fé é crer, é acreditar no que não se vê, em um ato da vontade e do intelecto, não sentir. A Fé não é algo que possa ser sentido, e muitos dos maiores Santos nunca, jamais, tiveram qualquer tipo de consolo ou sensação agradável enquanto caminhavam pela Terra. Dizemos no Salve Rainha que somos degredados, gemendo e chorando neste vale de lágrimas. É nas lágrimas, é na Fé que persiste apesar da ausência total de sensações agradáveis, que está a Cruz, que é nosso caminho. Cristo não veio para nos dar uma vaga "sensação de bem-estar"; este, ao menos segundo o que diz a publicidade, é o ramo dos desodorantes e outros produtos. Cristo veio nos dar a graça de carregarmos com Ele nossas cruzes, para um dia, após a morte, estarmos junto a Ele no Céu. Lá, sim, não mais haverá situações desagradáveis.

Cristo nos deu Sua Igreja, que tem a tríplice missão de ensinar, santificar e governar.

O Ensino da Igreja é a Doutrina que Cristo ensinou, Doutrina essa que não é "sentida", mas estudada e aprendida pela Razão. De nada adianta fazer trezentos "Encontros" por ano e sentir-se "feliz" se não buscamos aprender o que Cristo ensinou. Não será pelo nosso estado emocional que poderemos aprender a Doutrina, mas sim pelo estudo do Catecismo.

A Santificação ocorre por meio dos Sacramentos, que são sinais visíveis de uma realidade invisível. Esta realidade invisível é a Graça de Deus que eles conferem. A Graça não pode ser vista, não pode ser sentida nem sequer percebida pelas emoções. Receber o Sacramento da Reconciliação após a confissão dos pecados a um sacerdote não causa nenhum estado emocional preciso, mas nos faz voltar a ter a Graça. É bem verdade que pode haver, e em muitos casos há, uma grande alegria por nos vermos livres da inimizade de Deus, que certamente nos valeria o Inferno caso morrêssemos neste estado, mas isso não é causado diretamente pelo próprio Sacramento, mas sim pelo reconhecimento que fazemos de nossa situação depois de recebê-lo.

Do mesmo modo, receber o Santíssimo Sacramento não é tomar um remédio psiquiátrico de tarja preta que faça imediatamente o triste sentir-se cheio de alegria, mas sim receber o sinal visível da Graça de Deus que Ele nos infunde e que não pode ser percebida. Ninguém pode ver a Graça, ninguém consegue senti-la ou percebê-la de qualquer forma que seja. Procurar estados emocionais não é de modo algum equivalente a buscar a Graça de Deus, e abandonar a Razão, abdicar de nosso livre-arbítrio (a nossa capacidade de escolher entre duas coisas que parecem boas) em prol apenas da busca de emoções que supostamente seriam sinais visíveis de Deus é rejeitar os Sacramentos que Cristo nos deu e que são necessários para nossa Salvação.

O Governo da Igreja é feito por Sua hierarquia, que transmite a Doutrina, ministra os Sacramentos e governa por suas normas a vida dos cristãos. A busca de emoções faz com que muitos, infelizmente até mesmo sacerdotes, deixem de obedecer ao que nos ordena o Santo Padre e a Lei da Igreja. Vemos freqüentemente Missas celebradas de modo quase blasfemo, em que o objetivo primeiro e, por que não dizê-lo, único, parece ser a busca de emoções. Música de rock tocada em volume ensurdecedor, gestos coreografados, palmas, coisas que têm como função única despertar emoções nas pessoas são encontrados em muitas paróquias, desobedecendo frontalmente a Lei da Igreja, que tem regras muito estritas acerca do que é ou não permitido na liturgia. Isto é tanto mais perigoso por fazer com que seja deixado de lado e praticamente esquecido o que é realmente importante naquele momento: que ali no altar, defronte de toda uma multidão buscando emoções, está Cristo, morrendo na Cruz por nossos pecados.


Fonte: Associação A Hora de São Jerônimo

Memorare (Lembrai-vos)


Memorare, o piisima Virgo Maria, non esse auditum a saeculo, quemquam ad tua currentem praesidia, tua implorantem auxilia, tua petentem suffragia esse derelicta. Nos tali animati confidentia ad te, Virgo Virginum, Mater, currimus; ad te venimus; coram te gementes peccatores assistimus. Noli, Mater Verbi, verba nostra despicere, sed audi propitia et exaudi. Amen.

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Lembrai-vos, ó Piíssima Virgem Maria, de que nunca se ouviu dizer, que algum daqueles que tenha recorrido à vossa clemência, implorado a vossa assistência, reclamado o vosso socorro, fosse por vós abandonado.

Animado eu, pois, com igual confiança, a vós, Virgem das Virgens, como Mãe recorro, de vós me valho e gemendo sob o peso de meus pecados, me prosto a vossos pés.

Não desprezeis as minhas súplicas, ó mãe do Verbo de Deus humanado, mas dignai-vos de as ouvir propícia e de me alcançar o que vos rogo.

Amém.

Fonte: Montfort

Cristo: esplendor da beleza!


Paulo Faitanin - Depto. Filosofia UFF

A harmonia que o mundo criado apresenta supõe a ordem da diversidade dos seres que o compõe. Observando mais de perto esta multiplicidade de criaturas percebemos que algumas nos encantam mais do que outras. Cada uma, em sua pequenez, contribui para o esplendor do universo. A beleza de uma rosa fascina mais do que a de uma pedra, mas a de uma criança mais do que a de um jardim inteiro. Ascendendo em nossa contemplação constatamos, pouco a pouco, que há graus de beleza: uma hierarquia.

Atentos a esta gradação, as criaturas mais belas, num primeiro momento, são as que apresentam maior simetria e proporção; ascendo mais e mais, percebemos que são mais belas ainda, as que verdadeiramente apresentam maior pureza, quase desvendando uma graça, por meio da qual revela sua forma de beleza.

Em cada etapa desta apreciação ascendente, as coisas nos parecem belas em razão de suas purezas e ascendendo mais, exige-se ainda maior pureza, até à necessidade da admissão da existência de uma suprema beleza, pura em si, a qual só se alcança por analogia, por meio da comparação das coisas belas entre si, indo da apreciação da beleza inferior comparada com as mais superiores, até chegar à superior, considerada em si. E encontramos em todas as criaturas, por meio desta associação, os vestígios, semelhanças e imagens de uma beleza superior, cuja admiração somente se chega pela contemplação, com reverência, pois se trata do próprio Autor e fonte da beleza criada.

A fonte da beleza é o Belo em si, que outorgou o dom de ser belo a toda criatura, mesmo àquela minúscula, cuja mínima densidade ou mesmo complexidade da matéria não nos deixa entrever a simplicidade de sua forma, raiz de sua própria beleza; e nem mesmo nos permite apreciá-la como partícipe da beleza divina. Não obstante, mesmo estas pequeninas criaturas são belas, segundo a intensidade do ato de ser que possuem, manifesto em suas formas que informam suas respectivas matérias, pois nas criaturas a beleza é mediante o esplendor de suas formas.

Aqui cabe não confundir forma e figura para acentuar a doutrina do Aquinate. A figura é a expressão da forma na matéria; portanto, a forma não é tudo o que representa a figura de um corpo, esta é antes um limite daquela, na matéria. A figura é no corpo, apenas, uma expressão da beleza do que é a forma em si. A forma humana [a alma racional] é individual em cada homem. Sua perfeição natural é, no entanto, semelhante em cada alma. A forma humana que é igual para todos, segundo a perfeição da natureza, manifesta sua beleza na figura de cada corpo. Nenhum corpo esgota, em sua figura, a beleza do que é a sua forma [alma]. Retornando ao tema, em cada criatura, sua figura expressa a beleza de sua forma, desde a forma mais sublime até a mais ínfima, todas representam, de alguma maneira, a beleza do que é Belo em si.

Constatada esta hierarquia, nenhuma criatura deixa de expressar, ao seu modo, a beleza do que é Belo em si, a saber, a beleza divina. Bastaria tão somente uma criatura existir para ser considerada bela, porque sua existência é o efeito da ação pulcrífica de Deus. No horizonte da multiplicidade, soergue na verticalidade, uma hierarquia que vai do inferior ao mais sublime, em que cada um recebe a beleza proporcional ao ato de ser que possui.

Igualmente nos impressiona quando confrontamos a beleza dos demais entes com a beleza do ser do homem. Convém, pois, considerar a beleza da natureza humana em seus quatro aspectos fundamentais: a beleza do seu ser criado à imagem de Deus, do seu pensar estabelecido à semelhança divina, do seu agir que segue o seu ser e do seu produzir que imita a natureza ou produz algo semelhante a si. Enfim, resume-se toda beleza humana na beleza de Cristo, pois Ele é o esplendor da beleza!

Fonte: Revista Aquinate

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Contra a verdade não temos poder algum; temo-lo apenas em prol da verdade.(II Coríntios 13,8)