Padre Elílio de Faria Matos Júnior
- 11 de junho de 2009 -
A solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo é uma festa móvel do calendário litúrgico e ocorre sempre na primeira quinta-feira após a solenidade da Santíssima Trindade. Foi instituída em 1264 pelo Papa Urbano IV para realçar a presença real e substancial de Cristo sob as espécies consagradas e manifestar a alegria da Igreja por dom tão especial. Urbano IV encomendou a Santo Tomás de Aquino, grande teólogo da época, a elaboração da liturgia da festa. O famosíssimo hino "Tão sublime" é de autoria do santo teólogo. Aliás, por sua extraordinária sabedoria, Santo Tomás tem sido constantemente recomendado pelo Supremo Magistério da Igreja como guia seguro nos estudos filosófico-teológicos.
O sacramento da Eucaristia, com efeito, pode ser dito o sacramentum magnum ("o grande sacramento"), pois que ele encerra de modo admirável todo o mistério da Redenção de que nos fala São Paulo, aquele "mistério que ele [Deus] manteve escondido desde séculos e por inúmeras gerações e que, agora, acaba de manifestar aos seus santos" (Cl 1,26). A Igreja diz: "Exerce-se a obra de nossa redenção sempre que o sacrifício da cruz, pelo qual Cristo nossa Páscoa foi imolado (1Cor 5,7), se celebra sobre o altar" (Vaticano II, Lumen Gentium, 3).
O sacrifício perfeito oferecido uma única vez por Cristo na cruz, sacrifício de amor, de obediência e de louvor ao Pai e, por isso mesmo, capaz de apagar nossos pecados, torna-se realmente presente todas as vezes que celebramos a Santa Missa, de tal modo que, participando da eucaristia, é como se estivéssemos aos pés da cruz com Jesus em sua oferta amorosa ao Pai e aos homens. Mysterium magnum - grande mistério!
Como realçou o saudoso João Paulo II em sua memorável encíclica Ecclesia de Eucharistia, o augusto sacramento do Corpo e Sangue de Cristo comporta três dimensões: sacrifício,presença e comunhão. Sacrifício porque, como dissemos, ele torna presente e atual sobre nossos altares o mesmo e único sacrifício da cruz. Presença porque o sacrifício supõe a presença real e substancial do próprio Cristo, que é, a um só tempo, Sacerdote, Altar e Cordeiro.Comunhão porque Cristo quis associar a Igreja a esse seu sacrifício, de modo que ela se ofereça com Cristo ao Pai e receba a própria vida sobrenatural de Cristo, o que santifica a Igreja, fazendo dela verdadeiro Corpo Místico de Cristo. A comunhão se realiza em plenitude quanto recebemos o Corpo e o Sangue do Cordeiro sob as espécies consagradas.
Possamos aprofundar-nos sempre mais na contemplação deste tão grande mistério de nossa fé e colher a graça de nos tornarmos filhos no Filho e, assim, irradiar em nossas famílias e na sociedade o esplendor da "vida em abundância" (Jo 10,10) que Cristo nos trouxe.
Fonte: Blog do Padre Elílio
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